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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Delegado da PF que tomou depoimento é transferido do Paraná para São Paulo
Ex-assessora liga secretário do presidente a caixa dois
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O delegado-chefe da Polícia Federal em Londrina, Sandro Roberto Vianna dos Santos, disse
ontem que, no depoimento que
prestou anteontem, Soraya Garcia, 31, citou o chefe do gabinete
pessoal do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, Gilberto Carvalho,
como contato do comitê financeiro da campanha do PT de Londrina para assuntos de dinheiro.
A ex-assessora financeira da
campanha petista em 2004 depôs
à PF para confirmar denúncia de
um suposto caixa dois na reeleição do prefeito Nedson Micheleti
(PT). À Folha, Soraya confirmou
as declarações do delegado. Negou, porém, informações de que
teria dito que Carvalho efetivamente enviou dinheiro a Londrina: "Quando teve problema [de
caixa] eu ouvi o Augusto [Emérito Dias Júnior, atual diretor da
prefeitura, chefe do comitê financeiro] dizer ao telefone: "Fala com
o Gilberto Carvalho, que ele resolve". Eu nunca ouvi ele falar "dinheiro", mas, no comitê financeiro, a gente só tratava de compra e
venda de mercadorias, pagamento de pessoal, essas coisas".
Numa entrevista ao Paraná TV,
Soraya afirmou que o envolvimento de Carvalho com dinheiro
da campanha de Londrina foi
"nenhum". "Eu não posso dizer
que vi o Gilberto Carvalho dar dinheiro porque não tinha essa dimensão da coisa. Achava que ele
fazia parte da cúpula executiva do
PT", disse à Folha. Ela cita o secretário de Lula outra vez quando
diz que o bufê da família dele na
cidade "nos serviu três ou quatro
vezes", em jantares de adesão para arrecadar fundos. O bufê Carvalho é tradicional em Londrina.
Gilberto Carvalho é da cidade. Foi
secretário de Governo de Celso
Daniel, prefeito de Santo André,
assassinado em janeiro de 2002.
Hoje, um dia após a citação do
nome de Carvalho no noticiário
do caixa dois de Londrina, o "Diário Oficial" da União deve publicar a transferência do delegado
Santos para Marília (SP). O superintendente da PF no Paraná, Jaber Makul Hanna Saadi, disse que
a transferência é conhecida do delegado há dois meses e que a saída
agora é uma "coincidência". "A
saída dele não muda nada nesse
inquérito, e quem está presidindo
não é nem o Sandro, mas outro
delegado [Kandy Takahashi]",
disse Saadi. Santos não quis falar.
Soraya apontou 56 pessoas que
teriam colaborado com o caixa
dois. Elas emprestariam o CPF ou
o RG para compras de combustível e material de logística em seus
nomes. Segundo ela, o ministro
do Planejamento, Paulo Bernardo, foi intermediário do dinheiro
do Diretório Nacional do PT para
a campanha: "Ele chegava num
dia e o dinheiro aparecia no outro, às vezes no mesmo dia".
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