São Paulo, quinta-feira, 03 de agosto de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Estréia

Em breve entrevista que focou os escândalos, um Lula magro e de barba aparada estreou na campanha diante de Ana Paula Padrão. Escorregou sobre os mensaleiros que seu partido não puniu ("não pode julgar ninguém por ser acusado"), escorregou sobre participar de debates de televisão ("não excluo nada") e evitou, a todo custo, mencionar Geraldo Alckmin ou Heloísa Helena ("não vou falar nomes").
Esforçou-se em conduzir a conversa para assuntos como distribuição de renda, educação e "obras" (Transnordestina, refinaria em Pernambuco, pólo no Rio). O petista havia decorado os preços em queda do saco de cimento e da lata de óleo. Estava tenso.

CASUÍSMO OU NÃO
Nas manchetes de UOL, Terra e Globo.com, "Comissão aprova fim da reeleição para 2010". Tasso Jereissati, na Globo, afirmou que é "para 2010 para não dar nenhuma impressão de casuísmo".
Na Jovem Pan, ouvia-se que era "casuísmo", sim, para resolver "um problema interno do PSDB" -estimular a participação de José Serra e Aécio Neves, eventuais presidenciáveis em 2010, na campanha de Geraldo Alckmin.

ALÍVIO
E o blog de Ricardo Noblat logo avisou que "Alckmin pode respirar aliviado", pois "ninguém no Congresso acredita que se vote neste ano":
- Se o fim só for aprovado no próximo, ele poderá renovar o mandato em 2010.

CAFÉ-COM-LEITE
Um dia antes, os tucanos Alckmin, Serra e Aécio fizeram campanha -e estavam ontem, em foto e manchetes, unidos no site da campanha de Alckmin e nos sites nacional e paulista do PSDB.
Mas não no mineiro. E até o site da campanha federal acabou por sumir com os três, priorizando Moreira Franco -que é do Rio de Janeiro.

SEGURANÇA
Na Globo regional e nas rádios, a cobertura dos três tucanos focou o discurso de segurança, como podem ajudar uns aos outros, se eleitos.
Mas logo as mesmas Globo e rádios tratavam de destacar, com o estrondo costumeiro, o seqüestro da mãe de um jogador do Santos, encerrado, dizia a cobertura, por acaso.


Campanha por e-mail faz paralelo do Congresso com o ataque a NY


A ONDA
TURBULÊNCIA

Heloísa Helena virou bico-de-pena no "Wall Street Journal", em reportagem intitulada "Senadora pode provocar segundo turno"; seu vice já avisou que "vamos levar um pouco de turbulência aos mercados para trazer um pouco de ordem à economia"

Dissemina-se a revolta, como nos e-mails da campanha do pedetista Fernando Chiarelli (acima) e no blog de Jorge Bastos Moreno, no Globo Online -que postou, sob o título "Já vai tarde!", que "esta legislatura foi a pior de toda a história do país" e "só perderá para a próxima".
Já Eliane Cantanhêde aponta na Folha Online o vaivém dos sanguessugas (120, depois 30, agora 90) e avisa que "é fundamental não pegar a onda e sair por aí surfando".

AÇÃO E REAÇÃO
O site do "New York Times" chegou a dar em manchete que "Israel avança profundamente no interior do Líbano", ao lado de foto do primeiro-ministro, mas depois trocou para "Hizbollah atira mais de 200 mísseis contra Israel".
Na síntese do enunciado no "El País", "Israel dá Hizbollah por neutralizado e este responde com chuva de mísseis".

LONGA DURAÇÃO
A conta foi dos iniciais 180 mísseis para 190 no "Guardian", 220 à noite na Globo, 230 na Folha On Line etc.
Dizendo que "o Hizbollah respondeu imediatamente ao primeiro-ministro com palavras e ações", CNN e outros passaram a prever um conflito de "longa duração" -e duvidar do efeito de operações regulares contra "guerrilha".


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@ - Nelson de Sá


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