São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Lula recomenda à base união na eleição municipal de 2008

Petista vê candidaturas únicas dos aliados nas capitais como estágio para 2010

Em reunião do conselho político, Planalto define renovação da CPMF como prioridade; sugestão é que Palocci relate esse projeto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois dias depois de discursar em tom de campanha política em Cuiabá (MT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a tocar no tema eleitoral, desta vez ao final da reunião de seu conselho político, que reúne 11 partidos, ontem, no Palácio do Planalto. Ele ameaçou virar um "eterno palanqueiro".
O presidente fez um apelo por unidade dos aliados na disputa municipal do ano que vem e deixou claro que isso representará estágio fundamental para o objetivo maior, ganhar a eleição presidencial de 2010.
"A eleição está chegando e eu peço que vocês tentem estar juntos. Eu sei dos projetos individuais de cada um. O PT fez isso a vida inteira. Mas vamos nos esforçar para candidaturas únicas, pelo menos nas capitais", disse o presidente, segundo relato de participantes.
Em seguida, ele fez um pedido ao presidente do PMDB, Michel Temer, que estava presente. Pediu que ele convidasse alguns dos presentes à reunião para um jantar na casa do peemedebista.
O presidente disse que a eleição de 2010 será "difícil", mas que poderá ser ganha com unidade. Ele reclamou, sem citar nomes, que alguns partidos já estão pensando em lançar nomes. Na base do governo, há pelo menos cinco nomes cogitados no momento para a eleição presidencial: Ciro Gomes (PSB), Nelson Jobim (PMDB) e os petistas Dilma Rousseff, Tarso Genro e Marta Suplicy.
Lula disse que em 2010 "teremos um governo bem avaliado" e que as chances de vencer a eleição dependem de manter os partidos da base unidos até lá.
Em outro momento, Lula disse que, "se for necessário", vai "virar um eterno palanqueiro", segundo participantes da reunião. Na terça, em Cuiabá, Lula tinha dito que, "se alguns quiserem brincar com a democracia, eles sabem que neste país ninguém sabe colocar mais gente na rua do que eu".
Ontem, no encontro do qual participaram líderes partidários e ministros de seu governo, dobrou a aposta: "Não acho boa política o presidente virar um eterno palanqueiro, mas, se for necessário, eu vou virar".
Na reunião, o Planalto definiu como prioridade para o segundo semestre a aprovação do projeto que renova a CPMF. O líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), afirmou que há preocupação com o "prazo" para a votação do texto, que garante ao governo R$ 34 bilhões anuais.
Partiu de Múcio a idéia de indicar o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho (PT-SP) como o relator do projeto da CPMF numa comissão especial, até sua votação no plenário da Câmara, por todos os deputados. Ninguém manifestou contrariedade ao nome. Se for confirmada, será a primeira tarefa de peso de Palocci desde que deixou o governo, no ano passado.
Lula prometeu providências quanto a duas queixas permanentes dos partidos: a demora na liberação de emendas e na nomeação do segundo escalão do governo.
"Emenda é direito sagrado do parlamentar. Não pode ministro ficar sentado em cima de emenda que beneficia municípios. Não quero mais ouvir falar nisso", disse ele, exaltado, dirigindo-se ao ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O presidente também teria defendido que o governo precisa obedecer a um cronograma de liberação de emendas, para não dar a "impressão" de que, ao liberá-las, está agindo para conter crises.
Quanto às nomeações, o presidente prometeu encerrar esse capítulo, que se arrasta desde janeiro, dentro de 15 dias. Nessa semana, a fila andou com a solução de um dos casos mais difíceis: a nomeação do ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde para presidir Furnas, na cota do PMDB. (FÁBIO ZANINI, PEDRO DIAS LEITE E LETÍCIA SANDER)


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