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Sarney cobra, e PMDB tenta enquadrar seus dissidentes
Em nota, sigla pede saída de peemedebistas favoráveis à renúncia de presidente do Senado
Partido tenta demonstrar coesão na volta do recesso, após Sarney exigir ação em sua defesa; Jarbas e Simon reagem e dizem que ficam
Marcelo Justo/Folha Imagem
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Seguido pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o presidente do Senado, José Sarney, embarca em avião da FAB em Congonhas com destino a Brasília
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Atendendo à cobrança do
presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), o comando do PMDB subiu o tom e exibiu, no site oficial do partido,
nota em que recomenda a saída
de seus "poucos" dissidentes.
Na nota, exposta no site com
data de ontem, o PMDB afirma
que os descontentes apostam
"na fama efêmera oriunda de
acusações vazias". Divulgada
em resposta à penúltima edição
da revista "Veja" e tirada do ar
no início da noite de ontem, a
manifestação sinaliza disposição de Sarney em tentar resistir
à pressão para que renuncie.
Na quinta-feira, Sarney telefonou para integrantes da cúpula do partido -entre eles, o
presidente da Câmara, Michel
Temer (SP), e o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves
(RN)- para cobrar uma ação
partidária em sua defesa.
Segundo peemedebistas,
Sarney alegou que a decisão do
PSDB de apresentar representações contra ele exigiria uma
atuação formal do PMDB, inclusive contra o líder tucano
Arthur Virgílio (AM), acusado
de pagar salário a um servidor
que estava no exterior e de ter
recebido empréstimo de Agaciel Maia, ex-diretor do Senado.
Mais do que uma tentativa de
mostrar coesão, a nota serve
ainda de instrumento político
para manter o Senado sob o
controle do PMDB, qualquer
que seja o desfecho da crise.
Embora o comando do PMDB
insista em descartar a renúncia
de Sarney, a intenção é assumir
a negociação com o governo
ainda que ele se afaste -na nota, o partido exalta o tamanho
de sua bancada, a maior da Casa, com 19 dos 81 senadores.
No Senado, Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS)
vêm engrossando o coro dos
que cobram o afastamento de
Sarney. "O PMDB acata com
humildade o descontentamento de alguns poucos integrantes", diz o texto assinado por
Temer e por Iris de Araújo, que
exerce a presidência do PMDB.
"Podem deixar a legenda o
quanto antes sem risco algum
de perder o mandato. Ganharão eles, porque deixarão de
pertencer ao partido do qual falam tão mal, e ganhará o
PMDB, por tornar-se ainda
mais coeso e musculoso."
Em resposta, Jarbas afirmou
que "quem responde a processo e tem documento com corrupção declarada é que tem que
sair". Simon disse só deixará o
PMDB expulso. E voltou a defender a renúncia de Sarney:
"Amanhã [hoje] é o dia D. Se
não renunciar, eu vou pedir ao
presidente Temer que converse com ele. Caso contrário, vamos cair em trevas profundas."
Ontem à noite, em Brasília, o
presidente do Senado recebeu
em sua casa o líder do PMDB
no Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), o senador Gim
Argello (PTB-DF), o ministro
Edson Lobão (Minas e Energia)
e o advogado Antonio Carlos de
Almeida Castro. Segundo participantes da reunião, Sarney
reafirmou sua decisão de continuar no cargo e lutar contra as
acusações que lhe são feitas.
Governo, PT e PMDB discutem hoje o futuro de Sarney.
Foi marcado um jantar do ministro José Múcio (Relações
Institucionais) com líderes. Pela manhã, o assunto deverá ser
pauta da reunião de coordenação com o presidente Lula. O
objetivo é fechar posição diante
da crise que cresceu nas duas
semanas de recesso.
Na quarta, o Conselho de Ética se reúne pela primeira vez
para discutir os 11 pedidos de
investigação contra Sarney. Na
quinta, ocorre a primeira reunião da CPI da Petrobras.
Não é certo que José Sarney
esteja em Brasília nestes dias.
Segundo interlocutores, ele
afirmou que vai abrir a sessão
pós-recesso do Senado e deixar
a capital.
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