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CASO TRT
Obra de prédio em São Paulo está paralisada desde 98
Com gasto de mais R$ 55 milhões, fórum tem construção reiniciada
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem uma conclusão definitiva
na Justiça sobre o suposto desvio
de R$ 169,5 milhões, a obra do Fórum Trabalhista de São Paulo
-paralisada desde outubro de
1998- foi retomada ontem pela
construtora OAS.
Segundo previsão de técnicos
do Banco do Brasil (BB), que fiscalizam a obra, o prédio deverá
ser concluído em até 24 meses por
R$ 54,99 milhões -valor apresentado na licitação pela OAS.
Para o presidente do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), o
juiz Francisco Antonio de Oliveira, a retomada da obra é um marco para a história do fórum. Segundo ele, o prédio não pode ser
usado como um símbolo da corrupção no Judiciário.
"O que houve foi lamentável.
Mas as pessoas que para isso concorreram estão sendo acionadas
na Justiça. Condenar a obra é aplicar um princípio de direito penal
ao contrário. A pena não vai além
do delinquente. Por isso, não podemos penalizar funcionários,
advogados, juízes nem a população de São Paulo", afirmou.
Otimista, Oliveira disse que espera ver as obras concluídas em
até seis meses. "Seria o ideal. Hoje
pagamos R$ 500 mil por mês só
de aluguel."
Atualmente, o TRT dispõe de
R$ 10 milhões para a conclusão do
prédio. Além disso, segundo o
presidente, o órgão tem em rubrica R$ 22,9 milhões do Orçamento
da União de 2003 e outros R$
21,70 milhões do de 2004.
"À medida que for liberado o
dinheiro, temos condições de acelerar a obra", afirmou o líder operacional da OAS, Geraldo Correia
Santos, que descartou a possibilidade de um aditamento.
O prédio, com 20 pavimentos e
quatro subsolos, deverá centralizar as 79 varas de primeira instância, que hoje estão distribuídas
pelos bairros de São Paulo, e ganhar ainda outras 11 varas.
Na Justiça
Desde a paralisação da obra, em
outubro de 1998, não há ainda
uma resposta definitiva sobre os
valores repassados ao tribunal e
sobre os valores efetivamente gastos na construção.
Na ação do Ministério Público
Federal contra o juiz aposentado
Nicolau dos Santos Neto e outros
três empresários, a Procuradoria
afirmou que, dos R$ 234,5 milhões investidos, pelo menos R$
169,5 milhões foram desviados.
Os dados não foram considerados "confiáveis" pelo juiz Casem
Mazloum que, em primeira instância, absolveu os supostos envolvidos -Nicolau foi condenado a oito anos de prisão por lavagem de dinheiro e por tráfico de
influência (uso do cargo para benefício próprio).
Ontem, o presidente do TRT
disse que a obra recebeu cerca de
R$ 172 milhões. Antonio Roberto
de Souza, engenheiro do BB que
acompanhou a retomada da obra,
disse, porém, que, pelo atual estágio da construção, foram aplicados no máximo R$ 70 milhões. "E o resto? Não me pergunte." A
Procuradoria irá recorrer da decisão em primeira instância.
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