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ELEIÇÕES 2002
FHC é alvo dos candidatos de oposição em encontro tenso na Record; Ibope registra média de 10 pontos
Ciro e Serra fazem confronto mais áspero em debate na TV
DA REDAÇÃO
Empatados em segundo lugar
nas pesquisas, Ciro Gomes (PPS)
e José Serra (PSDB) protagonizaram o mais áspero confronto desde o início da campanha eleitoral,
ontem à noite, durante debate dos
presidenciáveis na TV Record.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
como ocorreu no debate anterior,
da Rede Bandeirantes, foi razoavelmente poupado, sobretudo
por Ciro. Anthony Garotinho
(PSB), por sua vez, atuou como
franco atirador, provocando indistintamente todos os adversários. E o governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso acabou sendo bastante atacado pelos
três candidatos de oposição.
As constantes trocas de acusações entre Serra e Ciro levou o
mediador do debate, jornalista
Boris Casoy, a conceder diversos
direitos de resposta por ofensas
pessoais para ambos os lados.
O debate rendeu média de dez
pontos de audiência à TV Record,
com picos de 13 pontos, segundo
dados preliminares do Ibope
-mais que o dobro da audiência
média da emissora nesse horário.
Cada ponto corresponde a 47 mil
domicílios na Grande São Paulo.
Há cerca de um mês, debate entre
os presidenciáveis na TV Bandeirantes teve média de nove pontos.
Logo no início do encontro, Ciro acusou o Serra de estar fazendo
uma "campanha sórdida" no seu
horário de TV. O tucano retrucou
dizendo que apenas estava mostrando no horário eleitoral "as
mentiras" ditas pelo adversário.
Antes do debate, ambos nem se
falaram, apesar de estarem sentados lado a lado (a disposição foi
decidida por sorteio), diferentemente de Lula e Garotinho, que
conversaram amistosamente.
Ciro aproveitou a primeira pergunta, feita por Casoy aos quatro,
para atacar o governo, lembrando
que uma das promessas de campanha de Fernando Henrique
Cardoso era a segurança: "A economia está parada, e o mercado
empurra esses jovens para a violência". Serra, que respondera antes, havia prometido criar o Ministério da Segurança Pública.
Conjunto de mentiras
A seguir, Ciro interpelou Serra.
O tucano retrucou: "Não estamos
fazendo campanha sórdida. Nós
estamos mostrando o que você
disse. O que você disse foi mentira, um conjunto de mentiras.
Tanto é assim que o Tribunal Superior Eleitoral nos deu direito de
resposta. Se alguém está fazendo
campanha sórdida, é você".
Na sequência, Ciro lamentou ter
"sido inocente" por não ter se
acautelado de estar sendo seguido
por equipes de TV e telefones
grampeados: "O sr. usa da rasteira
como prática de fazer política".
Os dois voltaram a se enfrentar
diversas vezes. Numa delas, Serra
perguntou a Ciro sobre o destino
do dinheiro do SUS. Ciro insistiu
que a maioria esmagadora das
verbas públicas estava sendo entregue aos hospitais privados.
Serra disse que ele estava errado e
afirmou que os convênios privados só recebiam 10% das verbas.
Ao longo do encontro, Serra
também criticou Lula pelo menos
três vezes, apontando a "dualidade" entre as propostas do candidato e a prática de seu partido no
Congresso.Reclamou ainda que
Lula não respondia às perguntas.
Os dois voltaram a trocar farpas
sobre o desemprego e a produção
estatal de medicamentos .
No debate, Garotinho foi especialmente ácido com Serra. Disse
que, se Serra vai criar milhões de
empregos, por que não ensina
Fernando Henrique Cardoso como criá-los: "O sr. promete criar
160 mil empregos por mês. O sr.
diz que é segunda-feira. Eu queria
que o sr. desse o endereço para o
pessoal ir lá segunda-feira". Acusou Serra de mentir: "Mentiu
quando disse que era pai dos genéricos, mentiu quando disse que
criou seguro-desemprego".
Serra retrucou afirmando que
"o seguro-desemprego, eu tirei do
papel. Fiz funcionar de fato. O genérico, fui eu que fiz aprovar no
Congresso e fiz funcionar no Brasil". Seguiu-se uma discussão áspera sobre o destino das verbas federais da Saúde enviadas ao Rio.
Lula e Ciro se trataram de forma
amistosa, e nas perguntas que faziam um ao outro, aproveitavam
para criticar diretamente o governo FHC. Mais de uma vez, Serra
pediu direito de resposta, mas
suas solicitações foram negadas.
No final, Ciro e Serra voltaram a
se atacar. O presidenciável do PPS
perguntou: "Os senhores destruíram 11 milhões de oportunidades
de trabalho, e agora prometem
criar 8 milhões de empregos. O sr.
acha que o brasileiro, inteligente
como é, pode acreditar nisso?"
Serra respondeu: "Claro. Porque estou mostrando e vou mostrar como isso é possível", acrescentando: "Quando Ciro foi ministro da Fazenda, gerou déficit
comercial que ultrapassava US$ 7
bilhões, ou seja, gerando emprego
lá fora. É preciso deixar clara a diferença entre o que propõe e o que
fez na vida. Ele acusou o ministro
Henrique Santillo de corrupto,
que foi à Justiça e Ciro foi condenado duas vezes".
Ciro respondeu: "O sr. produziu
11 milhões de desempregados e
tem o despudor de usar artistas
milionários para prometer 8 milhões de empregos. Denúncia de
corrupção é sistemática. A corrupção generalizada no Ministério da Saúde continua impune".
Serra voltou à carga: "Você é o
maior especialista no Brasil em fazer acusação sem provar". Ciro
obteve direito de resposta, seguido por outro dado a Serra. Lula e
Garotinho reclamaram que os
dois estavam sendo favorecidos.
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