São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

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ELEIÇÕES 2002

FHC é alvo dos candidatos de oposição em encontro tenso na Record; Ibope registra média de 10 pontos

Ciro e Serra fazem confronto mais áspero em debate na TV

DA REDAÇÃO

Empatados em segundo lugar nas pesquisas, Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB) protagonizaram o mais áspero confronto desde o início da campanha eleitoral, ontem à noite, durante debate dos presidenciáveis na TV Record.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como ocorreu no debate anterior, da Rede Bandeirantes, foi razoavelmente poupado, sobretudo por Ciro. Anthony Garotinho (PSB), por sua vez, atuou como franco atirador, provocando indistintamente todos os adversários. E o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso acabou sendo bastante atacado pelos três candidatos de oposição.
As constantes trocas de acusações entre Serra e Ciro levou o mediador do debate, jornalista Boris Casoy, a conceder diversos direitos de resposta por ofensas pessoais para ambos os lados.
O debate rendeu média de dez pontos de audiência à TV Record, com picos de 13 pontos, segundo dados preliminares do Ibope -mais que o dobro da audiência média da emissora nesse horário. Cada ponto corresponde a 47 mil domicílios na Grande São Paulo. Há cerca de um mês, debate entre os presidenciáveis na TV Bandeirantes teve média de nove pontos.
Logo no início do encontro, Ciro acusou o Serra de estar fazendo uma "campanha sórdida" no seu horário de TV. O tucano retrucou dizendo que apenas estava mostrando no horário eleitoral "as mentiras" ditas pelo adversário.
Antes do debate, ambos nem se falaram, apesar de estarem sentados lado a lado (a disposição foi decidida por sorteio), diferentemente de Lula e Garotinho, que conversaram amistosamente.
Ciro aproveitou a primeira pergunta, feita por Casoy aos quatro, para atacar o governo, lembrando que uma das promessas de campanha de Fernando Henrique Cardoso era a segurança: "A economia está parada, e o mercado empurra esses jovens para a violência". Serra, que respondera antes, havia prometido criar o Ministério da Segurança Pública.

Conjunto de mentiras
A seguir, Ciro interpelou Serra. O tucano retrucou: "Não estamos fazendo campanha sórdida. Nós estamos mostrando o que você disse. O que você disse foi mentira, um conjunto de mentiras. Tanto é assim que o Tribunal Superior Eleitoral nos deu direito de resposta. Se alguém está fazendo campanha sórdida, é você".
Na sequência, Ciro lamentou ter "sido inocente" por não ter se acautelado de estar sendo seguido por equipes de TV e telefones grampeados: "O sr. usa da rasteira como prática de fazer política".
Os dois voltaram a se enfrentar diversas vezes. Numa delas, Serra perguntou a Ciro sobre o destino do dinheiro do SUS. Ciro insistiu que a maioria esmagadora das verbas públicas estava sendo entregue aos hospitais privados. Serra disse que ele estava errado e afirmou que os convênios privados só recebiam 10% das verbas.
Ao longo do encontro, Serra também criticou Lula pelo menos três vezes, apontando a "dualidade" entre as propostas do candidato e a prática de seu partido no Congresso.Reclamou ainda que Lula não respondia às perguntas. Os dois voltaram a trocar farpas sobre o desemprego e a produção estatal de medicamentos .
No debate, Garotinho foi especialmente ácido com Serra. Disse que, se Serra vai criar milhões de empregos, por que não ensina Fernando Henrique Cardoso como criá-los: "O sr. promete criar 160 mil empregos por mês. O sr. diz que é segunda-feira. Eu queria que o sr. desse o endereço para o pessoal ir lá segunda-feira". Acusou Serra de mentir: "Mentiu quando disse que era pai dos genéricos, mentiu quando disse que criou seguro-desemprego".
Serra retrucou afirmando que "o seguro-desemprego, eu tirei do papel. Fiz funcionar de fato. O genérico, fui eu que fiz aprovar no Congresso e fiz funcionar no Brasil". Seguiu-se uma discussão áspera sobre o destino das verbas federais da Saúde enviadas ao Rio.
Lula e Ciro se trataram de forma amistosa, e nas perguntas que faziam um ao outro, aproveitavam para criticar diretamente o governo FHC. Mais de uma vez, Serra pediu direito de resposta, mas suas solicitações foram negadas.
No final, Ciro e Serra voltaram a se atacar. O presidenciável do PPS perguntou: "Os senhores destruíram 11 milhões de oportunidades de trabalho, e agora prometem criar 8 milhões de empregos. O sr. acha que o brasileiro, inteligente como é, pode acreditar nisso?"
Serra respondeu: "Claro. Porque estou mostrando e vou mostrar como isso é possível", acrescentando: "Quando Ciro foi ministro da Fazenda, gerou déficit comercial que ultrapassava US$ 7 bilhões, ou seja, gerando emprego lá fora. É preciso deixar clara a diferença entre o que propõe e o que fez na vida. Ele acusou o ministro Henrique Santillo de corrupto, que foi à Justiça e Ciro foi condenado duas vezes".
Ciro respondeu: "O sr. produziu 11 milhões de desempregados e tem o despudor de usar artistas milionários para prometer 8 milhões de empregos. Denúncia de corrupção é sistemática. A corrupção generalizada no Ministério da Saúde continua impune". Serra voltou à carga: "Você é o maior especialista no Brasil em fazer acusação sem provar". Ciro obteve direito de resposta, seguido por outro dado a Serra. Lula e Garotinho reclamaram que os dois estavam sendo favorecidos.



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