São Paulo, quinta-feira, 03 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sem livro, Collor é eleito imortal em Alagoas

Senador era candidato único à vaga e se inscreveu com coletâneas de artigos, discursos e planos de governo

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

O ex-presidente e hoje senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), 60, foi eleito ontem o mais novo imortal da AAL (Academia Alagoana de Letras). Sem ter livros comercializados em livrarias, ele vai frequentar o local que já recebeu nomes como Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989) e Jorge de Lima (1893-1953).
Pelo edital da AAL, a apresentação de ao menos um livro era um requisito para a candidatura. Collor apresentou sete coletâneas de artigos, discursos e planos de governo publicados por gráficas oficiais, que foram aprovadas pela comissão julgadora da academia alagoana.
Uma das publicações apresentadas foi a transcrição de um discurso feito em março de 2007 no Congresso, que ele apresenta como "Relato para a História: a Verdade sobre o Processo do Impeachment".
Outros dois títulos relatam a época em que Collor estava à frente da capital de Alagoas: "O Desafio de Maceió" e "Maceió: 20 Anos em 3". "Brasil, um Projeto de Reconstrução Nacional" é de 1991, quando ele era presidente. "Reforma Política e Sistemas de Governo" é uma coletânea de artigos publicada no ano passado pelo Senado.
"Quem conhece ele, que iniciou a vida pública tão jovem, como prefeito, depois deputado, governador e até presidente, sabe que ele não teve tempo para escrever romances", afirmou à Folha Carlos Alberto de Mendonça, presidente do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello.
Mendonça representou Collor ontem no anúncio da votação e disse que o senador, que estava em Brasília, ficou "emocionado e muito honrado" em saber que conseguiu a vaga.
"Era uma grande aspiração dele. Quando estava em Maceió, sempre que podia ele acompanhava o pai [Arnon de Mello, que também já passou pela AAL] nas reuniões da academia", afirmou Mendonça.
A AAL conta com 40 cadeiras. Trinta integrantes votaram ontem. Collor foi eleito com 22 votos a favor e 8 em branco. Foi o único candidato para a vaga deixada pelo médico Ib Gatto Falcão, que morreu em dezembro do ano passado.
De acordo com o vice-presidente da AAL, Milton Ênio, entre as atividades dos imortais alagoanos está o encontro realizado toda primeira quarta-feira do mês para a discussão de assuntos literários.
Em vez de chá, como na Academia Brasileira de Letras, é servido um lanche com canjiquinha e bolo de milho.
"Ele [Collor] tem planos para o público jovem, como difundir concursos de poesia e literatura", afirmou Ênio. Segundo ele, o senador só vai envergar o fardão na cerimônia de posse, que ainda não tem data marcada. "Em outras reuniões festivas só usamos nossas medalhas."


Texto Anterior: Rio G. do Sul: De olho em 2010, Yeda troca secretariado
Próximo Texto: Desmatamento: Ruralista só defende ambiente na "terra dos outros", diz Minc
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.