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Sem livro, Collor é eleito imortal em Alagoas
Senador era candidato único à vaga e se inscreveu com coletâneas de artigos, discursos e planos de governo
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
O ex-presidente e hoje senador Fernando Collor de Mello
(PTB-AL), 60, foi eleito ontem
o mais novo imortal da AAL
(Academia Alagoana de Letras). Sem ter livros comercializados em livrarias, ele vai frequentar o local que já recebeu
nomes como Aurélio Buarque
de Holanda (1910-1989) e Jorge
de Lima (1893-1953).
Pelo edital da AAL, a apresentação de ao menos um livro
era um requisito para a candidatura. Collor apresentou sete
coletâneas de artigos, discursos
e planos de governo publicados
por gráficas oficiais, que foram
aprovadas pela comissão julgadora da academia alagoana.
Uma das publicações apresentadas foi a transcrição de
um discurso feito em março de
2007 no Congresso, que ele
apresenta como "Relato para a
História: a Verdade sobre o
Processo do Impeachment".
Outros dois títulos relatam a
época em que Collor estava à
frente da capital de Alagoas: "O
Desafio de Maceió" e "Maceió:
20 Anos em 3". "Brasil, um Projeto de Reconstrução Nacional" é de 1991, quando ele era
presidente. "Reforma Política e
Sistemas de Governo" é uma
coletânea de artigos publicada
no ano passado pelo Senado.
"Quem conhece ele, que iniciou a vida pública tão jovem,
como prefeito, depois deputado, governador e até presidente, sabe que ele não teve tempo
para escrever romances", afirmou à Folha Carlos Alberto de
Mendonça, presidente do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello.
Mendonça representou Collor ontem no anúncio da votação e disse que o senador, que
estava em Brasília, ficou "emocionado e muito honrado" em
saber que conseguiu a vaga.
"Era uma grande aspiração
dele. Quando estava em Maceió, sempre que podia ele
acompanhava o pai [Arnon de
Mello, que também já passou
pela AAL] nas reuniões da academia", afirmou Mendonça.
A AAL conta com 40 cadeiras. Trinta integrantes votaram
ontem. Collor foi eleito com 22
votos a favor e 8 em branco. Foi
o único candidato para a vaga
deixada pelo médico Ib Gatto
Falcão, que morreu em dezembro do ano passado.
De acordo com o vice-presidente da AAL, Milton Ênio, entre as atividades dos imortais
alagoanos está o encontro realizado toda primeira quarta-feira do mês para a discussão
de assuntos literários.
Em vez de chá, como na Academia Brasileira de Letras, é
servido um lanche com canjiquinha e bolo de milho.
"Ele [Collor] tem planos para
o público jovem, como difundir
concursos de poesia e literatura", afirmou Ênio. Segundo ele,
o senador só vai envergar o fardão na cerimônia de posse, que
ainda não tem data marcada.
"Em outras reuniões festivas
só usamos nossas medalhas."
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