São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2001

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Saída deve ser oficializada amanhã

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) deve ir a Brasília amanhã e formalizar sua renúncia ao cargo de senador -ele já renunciou à presidência do Senado no dia 18 do mês passado.
A intenção de renunciar foi declarada pelo peemedebista em entrevista dada anteontem a um programa da TV RBA, de propriedade da família Barbalho, no Pará. Jader pode viajar hoje para Brasília, apesar de sua assessoria informar que ele viajará amanhã.
O paraense deixou claro que optou pela renúncia para manter seus direitos políticos e concorrer nas eleições do próximo ano. O processo por quebra de decoro parlamentar que está para ser aberto contra ele tem como pena possível a perda do mandato e dos direitos políticos por oito anos.
Ao contrário de seu principal inimigo político, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Jader optou por não fazer um discurso de despedida em plenário. "Já disse tudo o que tinha a dizer ao Senado, que receberá um comunicado", afirmou na TV. Sua carta de renúncia será entregue à Mesa Diretora da Casa.
O peemedebista passou o dia de ontem em Belém reunido com assessores e advogados para definir o conteúdo da carta e os planos para as eleições de 2002. Ele não deu declarações à imprensa.
Entre outras visitas, Jader recebeu o ex-superintendente da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) José Arthur Guedes Tourinho, indicado por ele e demitido por suspeita de irregularidades.
O pai e primeiro suplente de Jader, Laércio Barbalho, 82, defendeu ontem a renúncia e disse que não assumirá o cargo. "Acho que ele [Jader" deve renunciar, pois já está certo que seu mandato será cassado." Junto com Jader, ele é acusado de ser beneficiário de verbas desviadas do Banpará (Banco do Estado do Pará). Ele nega a acusação.
Na entrevista na TV, Jader criticou PFL, PT e PSDB, mas não investiu contra o presidente Fernando Henrique Cardoso. Leia a seguir os principais trechos.
 

FHC E PSDB - "Se o presidente mandou tirar o meu tapete, eu não sei. Mas o PSDB tem fama de ficar em cima do muro. Não sei por que o partido resolveu descer do muro contra mim."

ELEIÇÕES - "Sou favorável a candidato próprio pelo PMDB, mesmo sendo o governador Itamar Franco (MG). As restrições pessoais devem ser colocadas de lado."

CANDIDATURA - "No ano que vem estarei em todos os palanques do Estado do Pará."

SUDAM - "Isso é coisa do pessoal da área da Fazenda, que há muito tempo queria acabar com o incentivo fiscal na Amazônia. Cerca de 40% dos incentivos fiscais ficaram em corretagem no grandes escritórios de São Paulo. E todo mundo está calado."

BANPARÁ - "O relatório do Banco Central foi encomendado para inviabilizar minha candidatura ao governo do Estado em 1990."

ALIANÇA PT-PFL - "Esse é um projeto de vingança política e só as criancinhas muito pequenininhas não sabem que esse é um jogo de cartas marcadas. O PFL se uniu ao PT para me derrubar. O PFL, por causa do meu confronto com o ACM. O PT, porque tinha o compromisso dos pefelistas de excluir o líder petista no Senado, [José Eduardo" Dutra, do processo que apurava a violação do painel do Senado. Foi um teatrinho."



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