São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2005

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PAINEL

Língua solta
O ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, não consultou seus advogados antes de afirmar que todos os 21 membros da Executiva Nacional sabiam do caixa 2 do partido. Na entrevista à Folha, ele falou com uma clareza que o ex-tesoureiro Delúbio Soares ainda reluta em ter.

Nova berlinda
Apesar de poupar o presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu, a fala de Silvio Pereira poderá estender o foco das investigações para outros candidatos beneficiados com o caixa 2. E para os diretórios estaduais do PT.

Janela aberta 1
A oposição se baseia em decisão da CCJ relativa ao arquivamento dos processos contra os petebistas Alex Canziani (PR), Sandro Matos (RJ), Neuton Lima (SP) e Joaquim Francisco (PE), em agosto, para tentar levar ao plenário os 16 deputados envolvidos no "mensalão".

Janela aberta 2
De acordo com a CCJ, se o Conselho de Ética arquivar os casos, qualquer partido poderá recorrer durante o período de cinco sessões, o que levaria o caso direto ao plenário. Cientes dessa hipótese, os "mensaleiros" se esforçam para matar os processos no ninho: a corregedoria.

O maratonista
Se escapar da cassação no "mensalão", José Dirceu (PT) enfrentará o relatório da CPI dos Bingos, que virá carregado contra ele nos casos Waldomiro e Santo André. "É uma longa corrida com barreiras. Ele nem superou 200 metros", diz o senador Leonel Pavan (PSDB-SC).

Direito de espernear
Na defesa à corregedoria, João Paulo Cunha (PT-SP) dá dois "cutucões" no relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR). Diz que "o relator pouco se informou" sobre seu caso. E ainda alega que Serraglio demonstra "desatenção" com documentos que recebeu.

Nos autos
Para o Ministério Público Federal, as revelações do juiz João Carlos da Rocha Mattos à "Veja", envolvendo Gilberto Carvalho, secretário de Lula, nas fitas do caso Santo André, não trazem fatos novos à investigação.

Sem alternativa
Preso, Rocha Mattos teria que oferecer provas para obter eventual benefício. O juiz é réu em ação penal por ter destruído as fitas e poderá sofrer outro processo se revelar fatos sob sigilo.

Recado dado
O presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), está na mira da oposição depois que negociou com Lula a permanência no PT. Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) fez ameaças veladas. "O senador Delcídio não é superior a ninguém. E eu tenho como provar."

Saída à mineira
Na semana passada, o vice-presidente José Alencar disse à cúpula do PSB que pretendia ir para um "partido pequeno" que teria "ajudado a criar". Ninguém desconfiou do PMR.

Rebanho reunido
Para interlocutores do vice-presidente, ele participou da criação da legenda, usando a Igreja Universal para coletar assinaturas. Acham que Alencar será um dos controladores do futuro Partido Republicano.

Limite da ambição
Na reunião com o PSB, Alencar listou num papel os cargos aos quais poderia concorrer: deputado estadual, deputado federal, senador, governador e parou em vice-presidente.

Resta um
Souza Campos é o único deputado do desidratado PL na Assembléia paulista. No troca-troca, o PDT cresceu mais, de três para seis cadeiras. O PT perdeu um nome e a hegemonia na Casa: o PSDB engordou e agora tem também 22 parlamentares.

TIROTEIO

Do senador tucano Álvaro Dias (PR) sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PC do B-SP), que declarou jamais ter acreditado na existência do "mensalão":
-Trata-se de um homem peculiar. Duvida do "mensalão", mas acredita em saci-pererê.

CONTRAPONTO

Conversa de pescador

Na semana passada, durante o intenso entra-e-sai do gabinete do primeiro-vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (AL), então candidato à presidência da Casa, chamava a atenção dos visitantes um conjunto de quadros com fotografias do deputado pefelista.
Em um deles, Nonô veste traje de mergulho. Em outro, aparece segurando dois peixes enormes.
Um dos que coordenavam a campanha não se conteve:
-Mas Nonô, por que você coloca aqui fotos de sua vida fora da política? Com sua biografia de ex-militante estudantil, deveria manter imagens que mostrassem sua trajetória política.
Conhecido pela verve incendiária, Nonô brincou:
-Meu caro amigo, eu sou advogado, político e pescador. Se eu simplesmente dissesse que pesquei esses dois peixes enormes, você acha que alguém iria acreditar? Tenho que provar.

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