São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

No final, Alckmin repete o começo e cobra fidelidade

Candidato volta a dizer que ajudou a construir "um partido real, não um partido virtual'

Mesmo com as "traições" sofridas durante a disputa, o ex-governador diz que não se decepcionou com o PSDB na campanha à prefeitura

Guilherme Lara Campos/Futura Press
O candidato tucano à prefeitura, Alckmin, participa de carreata com militantes na zona sul de São Paulo, na manhã de ontem

ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

No último dia de campanha oficial do primeiro turno das eleições, o candidato tucano, Geraldo Alckmin, voltou ao ponto de partida de sua candidatura cobrando fidelidade do seu próprio partido.
Nos pouco mais de três meses desde que foi confirmado candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, com cerca de 90% dos votos de uma convenção esvaziada de lideranças políticas municipais, a campanha alckmista evoluiu pouco em convencer o tucanato a dar suporte total ao ex-governador e deixar de lado os apoios ao prefeito Gilberto Kassab (DEM), que tenta a reeleição.
"Nós criamos um partido real, não um partido virtual [...] Partido real tem convenção, tem decisão, tem fidelidade", voltou a repetir ontem.
As dificuldades de Alckmin se refletiram nas pesquisas registradas pelo Datafolha. Apesar de percorrer quase 4.000 quilômetros e deixar de fora da agenda apenas dois distritos da cidade de São Paulo, o candidato tucano caiu de 32% das intenções de voto, em 25 de julho -quando estava tecnicamente empatado com a candidata Marta Suplicy (PT)-, para 19%, em 27 de setembro -percentual que o deixa de fora do segundo turno.
A cada agenda, o ex-governador deparava amiúde com as mesmas perguntas: "Quando o governador José Serra vai entrar na sua campanha?"; "O senhor se sente abandonado pelo partido?"; "Quer punição para vereadores kassabistas?"
Escapando das perguntas com habilidade e elegância, mas pouca persuasão, o tucano demorou para deixar de lado a atitude conciliadora com a campanha do atual prefeito e com seus correligionários "rebeldes". O empate técnico com o prefeito levou à queda do marqueteiro e a uma atitude mais agressiva.
A campanha alckmista sofreu ainda com um esvaziamento de "cérebros" -marqueteiros, advogados e apoiadores tradicionalmente ligados ao PSDB- e poucos recursos financeiros.
O resultado foi uma campanha modesta -agravada por um parco tempo de TV-, sem lances de marketing e com expedientes duvidosos no horário eleitoral -como o "sofá da Lu", que teve durabilidade de apenas um episódio.

Ataque
Ao partir para o ataque, Alckmin voltou a usar o recurso da fidelidade ideológica. Pregou que "uma diferença de história política evidente" o apartava de Kassab. "Política é comparar fatos. Em 1996, nós apoiamos o Serra, o Kassab era do time do [Paulo] Maluf [PP], apoiou o [o ex-prefeito Celso] Pitta, virou secretário do Pitta. [...] Em 98, se dependesse do Kassab, o governador de São Paulo teria sido o Maluf. Nós apoiamos o Mario Covas [morto em 2001]", insistiu ele. Abalou as pontes que uniam PSDB e DEM, acusando vereadores e lideranças do PSDB de terem sido "cooptadas" por Kassab, que desejaria "destruir o PSDB".
Ontem, Alckmin mostrou persistência. Não falou em apoios no segundo turno, mas insistiu em uma "vitória silenciosa". Citou "traições" sofridas, mas não se disse decepcionado. "Vamos trabalhar até o último dia", disse -deixando os arranjos para segunda-feira.


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