São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO BERNARDO DO CAMPO

Marinho troca PT municipal por sindicato

Para evitar que divergências do partido atrapalhassem sua candidatura, petista colocou sindicalistas no comando da campanha

Em sua decisão, ex-ministro considerou organização dos dirigentes sindicais; PT de São Bernardo sempre foi caracterizado pela desunião

ADRIANO CEOLIN
EM SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP)

O candidato a prefeito de São Bernardo do Campo pelo PT, Luiz Marinho, apostou em companheiros do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para comandar sua campanha, em vez de integrantes do diretório municipal do partido. Símbolo do sindicalismo de resultados, Marinho quis evitar que as divergências internas petistas atrapalhassem os rumos pragmáticos que traçou.
Para o cargo de coordenador-geral, Marinho escalou Tarcísio Secoli, sindicalista formado em economia que nunca comandara uma campanha. Ele não faz parte do diretório do PT, mas sempre ocupou postos de destaque no sindicato. O último foi o de diretor-administrativo da entidade, presidida por Marinho por dois mandatos.
Na campanha, Secoli centraliza as decisões. Reserva tempo para atender desde candidatos a vereador a empresários. Além disso, tem linha direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi Secoli que ajudou a convencer Lula a visitar cidades como Mauá e São José dos Campos, que, antes, não estavam na agenda do presidente.
Outro homem forte é Carlos Alberto Grana. Dirigente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), tem origem no sindicato. Apesar de atuar na campanha, é do PT de Santo André.
Um dos problemas do PT em São Bernardo foi nunca ter conseguido se unir. Neste aspecto, o poder de organização dos dirigentes sindicais acabou sendo decisivo. "[Secoli] se destacou como organizador no sindicato", diz Grana.
O diretório do PT de São Bernardo sempre foi marcado pela desunião. Quando esteve no poder em 1988, diferentes grupos se digladiaram. O então prefeito Maurício Soares e o vice Djalma Bom tinham péssima relação. Em 1992, Djalma perdeu a eleição, Soares deixou o partido e o PT não foi mais o mesmo. Nas últimas três eleições, nem sequer chegou ao segundo turno. Em 2000 e 2004, o candidato foi o deputado federal Vicentinho (PT).
Ex-deputado estadual e com participação em todas as campanhas do PT em São Bernardo, o advogado Estevam Soares diz que a vantagem de Marinho é não pertencer a corrente alguma. "É essencialmente ligado ao sindicato. E, em São Bernardo, o sindicato é mais forte que o partido", afirma.
Dividido internamente, o PT nunca conseguiu formar um leque grande de alianças. Em 2004, Vicentinho contou com quatro partidos. Marinho conta com 11.


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