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ELEIÇÕES 2008 / SÃO BERNARDO DO CAMPO
Marinho troca PT municipal por sindicato
Para evitar que divergências do partido atrapalhassem sua candidatura, petista colocou sindicalistas no comando da campanha
Em sua decisão, ex-ministro considerou organização dos dirigentes sindicais; PT de São Bernardo sempre foi caracterizado pela desunião
ADRIANO CEOLIN
EM SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP)
O candidato a prefeito de São
Bernardo do Campo pelo PT,
Luiz Marinho, apostou em
companheiros do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC para comandar sua campanha, em vez
de integrantes do diretório municipal do partido. Símbolo do
sindicalismo de resultados,
Marinho quis evitar que as divergências internas petistas
atrapalhassem os rumos pragmáticos que traçou.
Para o cargo de coordenador-geral, Marinho escalou Tarcísio
Secoli, sindicalista formado em
economia que nunca comandara uma campanha. Ele não faz
parte do diretório do PT, mas
sempre ocupou postos de destaque no sindicato. O último foi
o de diretor-administrativo da
entidade, presidida por Marinho por dois mandatos.
Na campanha, Secoli centraliza as decisões. Reserva tempo
para atender desde candidatos
a vereador a empresários. Além
disso, tem linha direta com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Foi Secoli que ajudou a
convencer Lula a visitar cidades como Mauá e São José dos
Campos, que, antes, não estavam na agenda do presidente.
Outro homem forte é Carlos
Alberto Grana. Dirigente da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), tem origem no sindicato. Apesar de atuar na campanha, é do PT de Santo André.
Um dos problemas do PT em
São Bernardo foi nunca ter
conseguido se unir. Neste aspecto, o poder de organização
dos dirigentes sindicais acabou
sendo decisivo. "[Secoli] se destacou como organizador no sindicato", diz Grana.
O diretório do PT de São Bernardo sempre foi marcado pela
desunião. Quando esteve no
poder em 1988, diferentes grupos se digladiaram. O então
prefeito Maurício Soares e o vice Djalma Bom tinham péssima relação. Em 1992, Djalma
perdeu a eleição, Soares deixou
o partido e o PT não foi mais o
mesmo. Nas últimas três eleições, nem sequer chegou ao segundo turno. Em 2000 e 2004,
o candidato foi o deputado federal Vicentinho (PT).
Ex-deputado estadual e com
participação em todas as campanhas do PT em São Bernardo, o advogado Estevam Soares
diz que a vantagem de Marinho
é não pertencer a corrente alguma. "É essencialmente ligado ao sindicato. E, em São Bernardo, o sindicato é mais forte
que o partido", afirma.
Dividido internamente, o PT
nunca conseguiu formar um leque grande de alianças. Em
2004, Vicentinho contou com
quatro partidos. Marinho conta
com 11.
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