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Após fracasso, governo quer estender buscas no Araguaia
Prazo acaba no dia 31; nova fase deve começar em abril
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARABÁ
Depois de três meses de busca de ossadas de guerrilheiros
do Araguaia sem conseguir
achar nada, o governo já diz que
é necessário prorrogar as operações até 2010. Até agora, o
gasto foi de R$ 2,4 milhões.
A intenção foi anunciada ontem durante a visita dos ministros Nelson Jobim (Defesa) e
Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) ao grupo de geólogos,
legistas e antropólogos responsáveis pelos escavações, na região de Marabá (PA).
A visita à área ocorreu na reta
final das buscas, que têm, segundo decisão judicial, até o dia
31 deste mês para localizar os
restos mortais daqueles que
participaram do foco comunista criado há 37 anos para combater a ditadura militar.
Ao final do prazo, a Justiça
poderá ordenar a prorrogação.
O Ministério Público Federal já
disse que pedirá a extensão. A
ação só deve recomeçar quando
acabar o período de chuvas na
região, em abril de 2010.
Até agora, os mais de 60 homens que participam das buscas visitaram 13 áreas, onde cavaram 36 buracos -indicados
por mateiros, moradores locais
e militares que participaram da
repressão à guerrilha. No total,
foram rastreados aproximadamente 28 mil m2.
O maior problema enfrentado, além da incerteza sobre os
locais dos enterros, é a ação do
tempo sobre os corpos, que podem ter se deteriorado completamente debaixo da terra.
Segundo Jobim e Vannuchi,
que integram um comitê que
acompanha o grupo e ontem
estiveram pela primeira vez no
local, o fracasso não deve inibir
a continuidade dos trabalhos.
"Os atos [que serão] desenvolvidos não podem ser influenciados pelos atos anteriores", disse Jobim na fazenda
Bacaba, antiga base do Exército
onde supostamente diversas
pessoas foram enterradas.
Apesar de terem ganhado
mais confiança da população
local -o que tem melhorado a
qualidade das dicas dadas- alguns membros do comitê acreditam que resultados melhores
só virão com o depoimento maciço de militares envolvidos na
última fase do conflito.
Vannuchi concorda, mas por
meio do diálogo, e não de medidas judiciais. "Como você obriga alguém a falar? No pau-de-arara, com choque elétrico,
com afogamento? Na democracia, nós temos que fazer o convencimento", afirmou.
Hoje, quatro militares estão
intimados a depor, entre eles,
Sebastião Curió, que participou da repressão. Ele deve contar o que sabe ainda neste mês.
Ontem, duas buscas fracassaram. Numa delas, em São Geraldo do Araguaia (PA), o plano
era achar a ossada de Rosalindo
de Sousa, o "Mundico". Na segunda, na fazenda Bacaba, descobriu-se apenas uma raiz.
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