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OPERAÇÃO ANACONDA
Ação foi deflagrada após gravação telefônica captar instruções para acusados destruírem documentos
Denúncias podem atingir mais policiais
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
poderá oferecer denúncia contra
mais policiais federais de São Paulo e de outros Estados que estariam também envolvidos no esquema que negociava a venda de
sentenças judiciais, a liberação de
mercadorias contrabandeadas e
as maneiras para dificultar a incriminação de suspeitos ainda na fase de inquérito.
Os procuradores da República
que estão à frente da Operação
Anaconda deverão se reunir hoje
para decidir se pedem a prorrogação da prisão preventiva dos envolvidos. Prevê-se ainda uma reunião extraordinária do Órgão Especial do TRF para decidir sobre o
eventual afastamento dos juízes
federais João Carlos da Rocha
Mattos, Casem Mazloum e Ali
Mazloum -que foram denunciados por formação de quadrilha,
entre outros crimes.
Somente hoje os denunciados
deverão receber a intimação, com
cópia das denúncias. Terão 15
dias para oferecer defesa. Pelo
teor das entrevistas concedidas
pelo juiz Rocha Mattos e pelos irmãos Mazloum, os procuradores
avaliam que esses magistrados
ainda não têm um quadro completo da amplitude das denúncias
e dos crimes de que são acusados.
A Operação Anaconda prendeu
oito pessoas na última quinta-feira -dois delegados, um da ativa e
outro aposentado, um agente da
Polícia Federal, dois advogados,
dois empresários e a ex-mulher
do juiz Rocha Mattos. Agora, as
medidas deverão se estender a
outros Estados e poderão envolver novas prisões.
Ela foi deflagrada na última semana porque houve um monitoramento das conversas telefônicas que identificou instruções
transmitidas entre advogados.
A Polícia Federal percebeu que
os envolvidos suspeitavam que,
nos próximos dias, seria deflagrada alguma blitz. Foram captadas
instruções, às vésperas da operação, para que fossem destruídos
documentos e para que fossem
retirados computadores dos escritórios. Havia um risco real de
que sumissem documentos e
comprovantes das ligações entre
policiais, advogados e juízes.
Judiciário
Os procuradores que atuam no
caso rebatem a alegação do juiz
federal João Carlos da Rocha Mattos de que o Tribunal Regional Federal só teria distribuído os procedimentos nos dias 20 e 21 de outubro. Ou seja, segundo a alegação do magistrado, as investigações da Polícia Federal teriam sido ilegais, porque feitas sem autorização do Judiciário.
A distribuição, porém, foi feita
na primeira quinzena de agosto.
Ou seja, o TRF sabia, desde então,
que a Polícia Federal e o MPF estavam investigando os juízes federais. O decreto de busca e
apreensão foi firmado na véspera.
A operação foi cercada de grandes
cuidados para evitar vazamentos.
Trabalharam na operação de
busca e apreensão 14 procuradores da República, ao lado da equipe de 140 policiais federais. Todos
os cuidados foram tomados para
evitar a comunicação entre os
próprios policiais durante a
apreensão.
Os agentes chegaram a São Paulo na quarta-feira da semana passada, véspera da ação. Foram recolhidos todos os telefones celulares dos agentes. Eles não tinham
idéia de quem seriam as pessoas
que teriam suas casas e os escritórios revistados no dia seguinte.
Os procuradores da República
rebatem a queixa do juiz Rocha
Mattos de que teria havido excesso no aparato policial, ao terem
invadido o apartamento de sua
ex-mulher, Norma Regina Emílio
Cunha, com submetralhadoras.
Como reforço desse argumento,
citam que na residência do agente
da Polícia Federal César Herman
Rodriguez -um dos oito presos
na quinta-feira e que seria um dos
mentores da organização- foram apreendidas muitas armas.
A Operação Anaconda também
chegou a apreender US$ 550.549 e
dois quilos de ouro em barra na
casa da ex-mulher de Rocha Mattos. Há indicação da existência de
depósitos na Suíça.
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