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Há mais eleitores que habitantes em 28 cidades do país
TSE diz que, para definição de domicílio eleitoral, residência pode ser confirmada por outros vínculos, como profissionais
Em Tapiraí (MG), cidade campeã das distorções,
são 2.437 votos para 1.841 habitantes; tribunais vêem dados com naturalidade
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos 28 municípios
brasileiros registraram, nas últimas eleições municipais, mais
votantes do que a população
medida pelo IBGE, conforme
levantamento feito pela Folha.
Proporcionalmente, Tapiraí
(MG) foi o município campeão
na disparidade, com 2.437 votos depositados nas urnas para
uma população de 1.841 habitantes, segundo o censo do IBGE do ano passado.
Em Analândia (SP), neste
ano houve 4.490 eleitores para
4.166 moradores. A eleitora
Adriana Batista Alves de Lima
fez uma denúncia na Polícia
Federal, agora sob apuração no
Ministério Público de Itirapina
(SP). Ouvida pelos agentes,
contou que títulos de eleitor de
moradores de Pirassununga foram transferidos para Analândia sob promessa de receberem
a posse de terrenos no município. Segundo a denúncia, eles
deveriam votar em determinado candidato a prefeito.
Tanto o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) quanto os TREs
(Tribunais Regionais Eleitorais) de Minas Gerais e de São
Paulo receberam com naturalidade as disparidades entre número de moradores e votantes.
O TSE informou, por meio
da assessoria, que "a jurisprudência do TSE consolidou-se
no sentido de admitir que a residência no município, para
fins de definição de domicílio
eleitoral, pode ser abonada por
outros vínculos -patrimoniais,
profissionais e comunitários-,
o que, as mais das vezes, determina percentuais mais elevados de eleitorado sobretudo em
municípios de baixa densidade
demográfica que tenham algum fator de atração migratória (econômico, turístico etc.)".
O TSE realizou revisão em
1.129 cidades em 2007. "A Corregedoria Geral Eleitoral informou que a revisão pode ser realizada em duas hipóteses: denúncia fundamentada de fraude ou os três requisitos previstos na resolução nº 21.538/
2003", disse a assessoria.
Segundo o TRE de São Paulo,
"o domicílio eleitoral não se
confunde com domicílio civil,
ele é bem mais flexível. Domicílio eleitoral é o lugar em que a
pessoa mantém vínculos políticos, sociais e econômicos".
O TRE paulista informou ter
feito, entre 1999 e 2007, revisão nos sete municípios referidos no levantamento da Folha.
"Nas revisões, o eleitorado foi
chamado para comprovar o domicílio eleitoral. Os que não
compareceram tiveram a inscrição eleitoral cancelada."
O juiz auxiliar da Corregedoria Eleitoral de Minas Gerais,
José do Carmo Veiga, disse, por
meio da assessoria do TRE-MG, que "no segundo semestre
de 2007 foram procedidas revisões em 174 municípios de Minas onde havia uma desproporção entre eleitorado e população, conforme indicou o TSE".
Segundo o corregedor, como
conseqüências da revisão "foram cancelados mais de 200
mil títulos de eleitor nesses
municípios, daqueles eleitores
que não compareceram à revisão ou não conseguiram comprovar o vínculo com a cidade
onde estava inscrito".
De acordo com o corregedor,
"os tipos de domicílio são diversos", o que pode "gerar, inclusive, a desproporção".
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