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ONG aponta 345 km2 de degradação na Amazônia
Levantamento do Imazon não trata de desmatamento, mas de fase anterior a ele
Florestas degradadas estão mais sujeitas a pegar fogo
e são sérias candidatas a serem desmatadas; Estado campeão é Mato Grosso
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da
Amazônia), que faz um monitoramento independente do desmatamento da Amazônia,
apresenta pela primeira vez informações sobre degradação
florestal. O levantamento do
instituto indica que um total de
345 km2 de florestas da Amazônia Legal foi degradado em setembro deste ano.
Apesar de não se tratar de
desmatamento efetivamente
(de longe, as pessoas podem até
confundir a área com uma floresta intacta), as florestas degradadas são um fenômeno
preocupante. Elas estão sujeitas a pegar fogo mais facilmente e são sérias candidatas a serem desmatadas no futuro.
O Imazon incluiu nessa conta somente florestas que estavam inteiras em agosto de
2008 e que sofreram o efeito da
degradação em setembro. Portanto, não existe um dado da
degradação acumulada. "Sabemos que cerca de 18% da Amazônia foi desmatada. Mas ninguém sabe o que já foi degradado", disse Beto Veríssimo,
coordenador do Projeto Transparência Florestal do Imazon.
Do total degradado, a maior
parte ocorreu no Mato Grosso
(43%), seguido por Pará (40%)
e Rondônia (14%). No Amazonas e no Acre, a taxa de degradação foi menor do que 1%.
No caso do desmatamento, o
Pará ficou na frente em setembro. Segundo o SAD (Sistema
de Alerta do Desmatamento),
dos dez municípios da Amazônia Legal que mais desmataram, cinco estão no Pará: Cumaru do Norte, São Félix do
Xingu, Altamira, Novo Progresso e Santa Maria das Barreiras. Juntas, somam cerca de
180 km2. Na lista, estão ainda
duas cidades do Mato Grosso,
duas de Rondônia e uma do
Amazonas (veja quadro).
No mês de setembro, o sistema detectou 348 km2 de desmatamento na Amazônia
-uma queda de 69% em relação a setembro do ano passado,
quando foi registrado desflorestamento de 1.112,5 km2.
O que chama a atenção é que
no Amazonas, em agosto e setembro, o desmatamento acumulado ultrapassou o de Rondônia. "Apesar de sempre falarem que está tudo sob controle
no Amazonas, os dados mostram que o problema vem se
agravando na região", afirmou
Veríssimo. No período, Amazonas teve 46,3 km2 de desmatamento, contra 38,2 km2 de
Rondônia. Nos meses de agosto
e setembro de 2007, a situação
era bem diferente: Amazonas
tinha 55,8 km2, enquanto Rondônia teve 281 km2.
Segundo Veríssimo, o anúncio do asfaltamento da BR-319
(Porto Velho-Manaus) tem gerado uma corrida especulativa
na região e provocado aumento
do desmatamento. As nuvens
atrapalharam a visualização
dos Estados do Amapá e Roraima, além do norte do Pará e de
regiões esparsas de Amazonas,
Pará e Acre. A área do Maranhão que faz parte da Amazônia Legal não foi analisada.
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