São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

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1ª VIAGEM

Para petista, bloco tem de ser espaço de convergência de políticas

Lula quer União Européia como modelo para Mercosul

DO ENVIADO ESPECIAL À ARGENTINA

Luiz Inácio Lula da Silva expôs ao presidente argentino, Eduardo Duhalde, o que espera a longo prazo do Mercosul: uma integração econômica e política semelhante à da União Européia, com a adesão desejada ao menos da Bolívia e do Chile -além de Paraguai e Uruguai.
"O Mercosul deve transformar-se não só em uma efetiva união aduaneira, mas em um espaço de convergência de políticas industriais e agrícolas ativas. Buscamos uma verdadeira integração, a exemplo do que ocorreu com a União Européia, respeitadas nossas particularidades", afirmou.
Lula defendeu ainda a construção de uma "infra-estrutura comum", a discussão de "políticas sociais unificadas", "parcerias na produção artística", com a garantia de que possam circular livremente "no interior dessas fronteiras alargadas". Para o petista, a região deve caminhar em direção a uma "cidadania do Mercosul": "O que implica alcançar a livre circulação das pessoas entre os países".
Lula voltou a defender um parlamento do Mercosul, eleito pelo voto direto, e pediu maior "solidez e eficácia" à secretaria-administrativa responsável por tentar dirimir conflitos de interesses entre os países.
"Sabemos que há dificuldades objetivas para que a integração avance. Podemos vencê-las com vontade política, seriedade e, sobretudo, muita generosidade. Sem esse sentimento, ficaremos presos a reivindicações mesquinhas, à defesa de interesses menores, perdendo de vista os objetivos estratégicos", declarou.
O petista afirmou que a união do Mercosul é "essencial" na discussão da Alca e no diálogo com EUA e União Européia. "Tais negociações precisam ser marcadas pela defesa dos interesses nacionais e regionais, pela preservação de nossos sistemas produtivos e dos empregos de homens e mulheres do continente."
O objetivo do petista é a plena integração econômica. "Poderemos chegar um dia à moeda comum que reforce as defesas contra as turbulências financeiras internacionais", afirmou Lula.
O senador eleito Aloizio Mercadante, secretário de Relações Internacionais do PT, esclareceu o ponto defendido pelo partido.
"A disposição mútua é buscar construir uma área de estabilidade, iniciando a discussão de mecanismos macroeconômicos, essenciais para a estabilidade monetária, controle da inflação e crescimento econômico. Uma agenda ampla e que pretende ser aprofundada com duas equipes de trabalho a partir de 14 de janeiro", disse Mercadante.
Do lado argentino, o ministro do Interior, Jorge Matzkin, afirmou que foi "consensual" a disposição de priorizar o Mercosul na reunião das equipes dos dois presidentes.
Mas a definição que melhor retrata o espírito argentino foi de Martín Redrado, secretário de Relações Exteriores e Comércio Internacional. "O Mercosul não é uma opção, mas sim um destino".
O problema é que o comércio do Mercosul caiu neste ano para seu patamar mais baixo de 1994, quando se firmou o Acordo de Ouro Preto, que instituiu o livre comércio regional. Brasil e Argentina eram os principais parceiros econômicos mútuos e o deixaram de ser, com os EUA sendo hoje o maior parceiro brasileiro, e a União Européia, o argentino. (PLÍNIO FRAGA)


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