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1ª VIAGEM
Para petista, bloco tem de ser espaço de convergência de políticas
Lula quer União Européia como modelo para Mercosul
DO ENVIADO ESPECIAL À ARGENTINA
Luiz Inácio Lula da Silva expôs
ao presidente argentino, Eduardo
Duhalde, o que espera a longo
prazo do Mercosul: uma integração econômica e política semelhante à da União Européia, com a
adesão desejada ao menos da Bolívia e do Chile -além de Paraguai e Uruguai.
"O Mercosul deve transformar-se não só em uma efetiva união
aduaneira, mas em um espaço de
convergência de políticas industriais e agrícolas ativas. Buscamos
uma verdadeira integração, a
exemplo do que ocorreu com a
União Européia, respeitadas nossas particularidades", afirmou.
Lula defendeu ainda a construção de uma "infra-estrutura comum", a discussão de "políticas
sociais unificadas", "parcerias na
produção artística", com a garantia de que possam circular livremente "no interior dessas fronteiras alargadas". Para o petista, a região deve caminhar em direção a
uma "cidadania do Mercosul": "O
que implica alcançar a livre circulação das pessoas entre os países".
Lula voltou a defender um parlamento do Mercosul, eleito pelo
voto direto, e pediu maior "solidez e eficácia" à secretaria-administrativa responsável por tentar
dirimir conflitos de interesses entre os países.
"Sabemos que há dificuldades
objetivas para que a integração
avance. Podemos vencê-las com
vontade política, seriedade e, sobretudo, muita generosidade.
Sem esse sentimento, ficaremos
presos a reivindicações mesquinhas, à defesa de interesses menores, perdendo de vista os objetivos
estratégicos", declarou.
O petista afirmou que a união
do Mercosul é "essencial" na discussão da Alca e no diálogo com
EUA e União Européia. "Tais negociações precisam ser marcadas
pela defesa dos interesses nacionais e regionais, pela preservação
de nossos sistemas produtivos e
dos empregos de homens e mulheres do continente."
O objetivo do petista é a plena
integração econômica. "Poderemos chegar um dia à moeda comum que reforce as defesas contra as turbulências financeiras internacionais", afirmou Lula.
O senador eleito Aloizio Mercadante, secretário de Relações Internacionais do PT, esclareceu o
ponto defendido pelo partido.
"A disposição mútua é buscar
construir uma área de estabilidade, iniciando a discussão de mecanismos macroeconômicos, essenciais para a estabilidade monetária, controle da inflação e
crescimento econômico. Uma
agenda ampla e que pretende ser
aprofundada com duas equipes
de trabalho a partir de 14 de janeiro", disse Mercadante.
Do lado argentino, o ministro
do Interior, Jorge Matzkin, afirmou que foi "consensual" a disposição de priorizar o Mercosul
na reunião das equipes dos dois
presidentes.
Mas a definição que melhor retrata o espírito argentino foi de
Martín Redrado, secretário de Relações Exteriores e Comércio Internacional. "O Mercosul não é
uma opção, mas sim um destino".
O problema é que o comércio
do Mercosul caiu neste ano para
seu patamar mais baixo de 1994,
quando se firmou o Acordo de
Ouro Preto, que instituiu o livre
comércio regional. Brasil e Argentina eram os principais parceiros
econômicos mútuos e o deixaram
de ser, com os EUA sendo hoje o
maior parceiro brasileiro, e a
União Européia, o argentino.
(PLÍNIO FRAGA)
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