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TRIBUTOS
Proposta foi feita pelo consultor Antoninho Marmo Trevisan, que integra a equipe de transição do futuro governo
Palocci diz que é contra alíquota única de impostos
DA REPORTAGEM LOCAL
O coordenador da equipe de
transição do PT, Antônio Palocci
Filho, afirmou ontem que é contra a criação de uma alíquota única para taxar os diversos setores
da economia. A proposta é do colaborador do PT e integrante da
equipe de transição Antoninho
Marmo Trevisan, cotado para um
cargo no futuro governo.
Para Palocci, que participou ontem da solenidade de premiação
de líderes empresariais organizada pelo Instituto Fórum de Líderes e pelo jornal "Gazeta Mercantil", em São Paulo, a reforma tributária deve ser feita de modo que os impostos se distribuam por toda a cadeia produtiva com o objetivo de alcançar o equilíbrio econômico. Isso não descartaria, segundo ele, a necessidade de haver um debate em torno do tema.
O presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, se disse a favor de propostas que visem simplificar o
modelo atual. "Quanto mais simples for o modelo, mais fácil de fiscalizar", afirmou.
Especialistas em sistema tributário têm opiniões divergentes em
relação à proposta de Trevisan,
que é presidente da Trevisan Auditores e Consultores.
Em entrevista publicada ontem
na Folha, Trevisan defendeu, no
caso do IR, uma alíquota única na
faixa de 15% para pessoas físicas e
jurídicas -hoje, as alíquotas são
de 15% e 27,5%, de acordo com a
faixa de renda declarada. Uma semana antes, em entrevista à rádio
CBN, defendeu alíquota de 10%,
dizendo que isso reduziria a sonegação -e, por consequência, aumentaria a arrecadação.
O advogado tributarista Raul
Haidar diz que a proposta consagraria "o princípio da injustiça tributária" ao não se levar em conta
a renda do contribuinte. Para
Haidar, o princípio da progressividade (quem ganha mais paga
mais) está previsto na Constituição e é justo. Ele acredita que o
que incentiva a sonegação é o aumento da carga tributária intensificado na década passada.
"É uma idéia [a de Trevisan] a se
pensar. Mas ela desvia a atenção
para a necessidade de extinguir
tributos criados", disse.
Já Ives Gandra Martins, também advogado tributarista, e o
deputado federal Marcos Cintra
(PFL-SP), autor da proposta do
imposto único, são a favor da
idéia básica da proposta de Trevisan, com o argumento de que ela
simplifica o sistema de cobrança e
aumenta sua eficácia.
"Com a simplificação, todos ganham", diz Gandra. Segundo ele,
a justiça social se faz por meio dos
gastos do governo, e não pela arrecadação de impostos. Marcos
Cintra considera que mesmo a
alíquota única pode contemplar a
progressividade, desde que haja
deduções e isenções.
Inflação
Cotado para uma pasta da área
econômica no governo Lula, Palocci causou boa impressão em
parte do empresariado, principalmente pelo tom moderado adotado no evento, que contou com a presença de cerca de cem pessoas.
Ao falar sobre a inflação, por
exemplo, Palocci, afirmou que ela
tem de ser combatida de forma
"serena". "Não vamos inventar
história para combatê-la. O combate à inflação é a prioridade das
prioridades, mas o faremos de
maneira que a economia tenha liberdade para se desenvolver e que
o mercado seja livre para atuar."
Segundo ele, para reverter o
processo inflacionário, há a necessidade de um grande esforço
na área fiscal.
Colaborou a Redação
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