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ESTADOS
Petista quer pagar a Itamar, mas restringir eventual ressarcimento aos Estados por manutenção de estradas federais
Palocci quer MP que atenda apenas Minas
KENNEDY ALENCAR
LEILA SWANN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O chefe da equipe de transição e
virtual ministro da Fazenda do
PT, Antônio Palocci Filho, pediu
ao governo FHC que edite uma
medida provisória a mais restritiva possível para o eventual ressarcimento aos Estados pela manutenção de rodovias federais.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, por meio do porta-voz, Alexandre Parola, deixou claro ontem que Palocci pediu mudanças na MP. O petista disse na
última semana que o assunto era
de competência do atual governo.
"Embora tenha presente que a solução será de responsabilidade do
atual governo, não pode deixar de
ter em conta a consequência dos
atos tomados sobre a próxima administração", disse Parola.
Segundo a Folha apurou, o pedido de Palocci para a MP ser restritiva deverá ser atendido. O objetivo de Palocci é pagar em breve
R$ 550 milhões apenas para o governador de Minas, Itamar Franco, e deixar para um futuro incerto outros Estados. Pelo menos nove Estados podem reclamar o
mesmo atendimento.
Com isso, Palocci tentará sinalizar para o Congresso que o novo
governo não aceitará a previsível
enxurrada de emendas ao texto
da MP, transformando-a numa
bola de neve. Bancadas estaduais
já se mobilizam para pedir tratamento semelhante ao de Minas.
A MP é feita por técnicos do Ministério da Fazenda e do Planejamento. Os recursos para pagamento serão os da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), tributo sobre o
consumo de combustíveis.
Antes do veto de Palocci à MP, o
que aconteceu na semana passada
após conversa dele com o atual
governo, previa-se um gasto de
até R$ 9 bilhões. O novo texto tentará reduzir esse montante para
R$ 1,5 bilhão, mas evitará que o
dinheiro seja pago já em 2003, ano
em que Palocci prevê travessia
dolorosa na economia.
Crise política
Além da regra que deverá prever que será pago somente 50%
do valor que for constatado como
eventualmente devido aos Estados pela União, a MP deverá ter
normas que ajudem a diminuir o
suposto débito, criando maiores
restrições ao cálculo das dívidas.
A interferência de Palocci contra a MP que havia sido negociada
por FHC com Itamar e seu sucessor em Minas, Aécio Neves, gerou
crise política. O presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva, interveio após nota dura de Itamar atacando FHC e Palocci.
Como saldo, Palocci colheu sua
primeira derrota pontual, pois teve de aceitar novo acordo para
dar o dinheiro que Itamar precisa
para pagar salários atrasados do
funcionalismo público mineiro.
A pedido de Lula, Palocci almoçou com Aécio e prometeu fazer a
concessão a Itamar, apesar de o
virtual ministro da Fazenda ter jogado duro e sinalizado que sua
gestão será de austeridade fiscal.
Deve dar certo a articulação de
Palocci para atrasar e diminuir o
eventual ressarcimento aos demais Estados. Esse expediente já
funcionou no governo FHC. Por
pressão da cúpula do PMDB, o
governo federal arrastou a negociação com Itamar, que reclama o
dinheiro faz mais de quatro anos.
O assunto só avançou após a intervenção de Aécio, que herdará
um Estado em crise financeira.
Quando era ministro dos
Transportes, o deputado federal
reeleito Eliseu Padilha fez corpo
mole em relação a Itamar e ao seu
adversário no Rio Grande do Sul,
o governador Olívio Dutra (PT).
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