São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

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SERRA PELADA

Acusado é preso no MA

Polícia prende suspeito de matar garimpeiro

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A Polícia Civil do Pará prendeu um homem que, em depoimento prestado ontem, teria confessado ter sido contratado para matar o presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Curionópolis, Antônio Clênio Lemos, assassinado com cinco tiros no dia 17 de novembro na sede da entidade.
De acordo com a polícia, o maranhense Josivaldo Oliveira Barros, 23, conhecido como Nego Josa, teria revelado ao superintendente regional Sílvio Cézar Maués o nome do mandante e dos intermediários do crime.
Maués afirmou que não revelaria os valores pagos e os nomes dos envolvidos em razão de um pedido de prisão temporária de dois suspeitos, que seria solicitado ainda hoje à Justiça.
Em seu depoimento, que durou cerca de quatro horas, o suposto pistoleiro teria afirmado que o crime tem relação com a disputa entre grupos rivais pelo comando do garimpo de Serra Pelada (PA). "Ele confessou que recebeu uma quantia em dinheiro de intermediários para matar o sindicalista e citou o nome do mandante. Estamos próximos de solucionar o caso", declarou o delegado.
Nego Josa foi preso no sábado à tarde no município de Imperatriz (MA) na casa da namorada e foi transferido para Marabá (PA). Ele não tinha advogado constituído.
O acusado deve ser incluído no programa estadual de proteção à testemunhas. "Ele é um arquivo vivo e corre risco de vida", afirmou o delegado.
Ainda de acordo com a polícia, Nego Josa disse que foi procurado pelo intermediário cinco dias antes do crime e que ele fugiu de trem para Imperatriz no dia seguinte ao assassinato.
Dias antes de morrer, o sindicalista havia registrado um depoimento em Curionópolis afirmando que, se ele fosse morto, a responsabilidade seria do prefeito da cidade, Sebastião Curió (PMDB).

Negativa
Curió nega o envolvimento no crime. O prefeito não foi localizado ontem para falar sobre o caso. A Polícia Civil deve tomar o depoimento de Curió nos próximos dias no inquérito que investiga a morte de Antônio Clênio Lemos.
O sindicalista vinha fazendo um dossiê sobre o número de associados da Coomigasp (Cooperativa de Mineradores e Garimpeiros de Serra Pelada) e possíveis irregularidades na entidade.
No final de semana, o líder garimpeiro Raimundo Benigno denunciou à polícia ter recebido ameaças de morte anônimas.
Benigno liderou os 4.000 garimpeiros que entraram em Serra Pelada na semana passada após permanecerem 12 dias acampados na estrada que dá acesso ao garimpo.
O grupo era impedido de entrar no local por garimpeiros ligados a Curió. Eles só conseguiram chegar na área com intervenção da Polícia Militar e do Exército.


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