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REFORMAS SOB PRESSÃO
Negociações entre governo e oposição prosseguem hoje
Impasse sobre guerra fiscal impede acordo da tributária
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um impasse na negociação sobre o fim da guerra fiscal impediu
que governo e oposição chegassem a um acordo, ontem, para a
votação da reforma tributária ainda neste ano. As negociações foram retomadas à noite, mas sem
sucesso. Sem acordo, PFL e PSDB
não devem concordar com a redução dos prazos de tramitação
da reforma, o que impedirá que
ela seja aprovada este ano, como
precisa o governo para não iniciar
2004 sem poder cobrar a alíquota
de 0,38% da CPMF e usar livremente 20% dos recursos vinculados constitucionalmente.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), no
entanto, disse que espera fechar
um acordo no máximo até a manhã de hoje. Segundo o líder, a
orientação do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, antes de viajar ao Oriente Médio, foi clara:
"Aprovem a reforma tributária".
O presidente, segundo outros líderes, não quer que a proposta se
restrinja à prorrogação da CPMF
e da DRU (Desvinculação de Receitas da União).
Mercadante fechou a proposta
do governo em reuniões, na véspera, com Lula e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. O
governo aceitou uma reivindicação dos governadores: criar o
FDR (Fundo de Desenvolvimento
Regional) já a partir de 2004, com
R$ 2 bilhões para investimentos
em infra-estrutura, mas estabeleceu, como condição, o fim da
guerra fiscal.
Pela proposta do governo, seriam convalidados todos os benefícios fiscais de ICMS concedidos
pelos Estados até 30 de abril deste
ano, data em que o projeto da reforma foi enviado à Câmara pelo
governo. Aqueles concedidos até
30 de setembro, prazo fixado pela
Câmara, passariam por uma filtragem do Senado.
A proposta dividiu os governadores. À exceção de São Paulo,
Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, a maioria prefere manter as atuais regras do ICMS.
Esses governadores ganharam
ontem um aliado de peso: o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), cuja avaliação é que
a reforma do ICMS deve ir além
da unificação da legislação e da
redução do número de alíquotas
de 44 para 5.
Sem o fim da guerra fiscal, o governo federal não aceita criar o
FDR agora, como querem os governadores. A proposta alternativa é deixar a discussão do ICMS
para a segunda etapa da reforma
tributária, em 2005.
Até lá, os Estados não só manteriam os benefícios já concedidos
como poderiam continuar dando
isenções a empresas.
Na primeira fase, o governo
quer ver aprovados CPMF, DRU,
o fundo de compensação das exportações, a partilha da Cide com
Estados e municípios, a redução
dos encargos sociais, a nova tributação para micro e pequenas empresas e a prorrogação até 2023
dos benefícios da Zona Franca de
Manaus, entre outros. O governo
também propõe aumentar em R$
1 bilhão o FPM (Fundo de Participação dos Municípios), adicional
a ser pago em uma única parcela,
em novembro de cada ano.
Previdenciária
Governo e representantes de
servidores públicos também não
chegaram a um acordo sobre o
teor da chamada "PEC paralela"
da reforma da Previdência. O ministro da Previdência, Ricardo
Berzoini, o senador Paulo Paim
(PT-RS) e sindicalistas estiveram
reunidos ontem.
Segundo relatos dos sindicalistas, o ministro foi inflexível em
parte das mudanças propostas,
inviabilizando um acordo que poderia assegurar a votação da "PEC
paralela" hoje na CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça) do Senado. Hoje pela manhã, haverá
uma reunião entre líderes e Sarney para buscar uma solução.
A "PEC paralela" é uma emenda
constitucional que tramita paralelamente ao texto principal da reforma da Previdência.
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