São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2004

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TODA MÍDIA

"É uma vergonha"

NELSON DE SÁ

Na manchete do Jornal Nacional:
- Operação da Polícia Federal contra fraudes em licitações. Quatro presos são funcionários do Tribunal de Contas da União.
É o órgão que tem, como "uma das principais funções, combater a corrupção".
Do âncora Boris Casoy, no Jornal da Record:
- Seria cômico, se não fosse trágico. Exatamente no TCU, encarregado de zelar pela lisura dos contratos federais. É uma vergonha!
 
Se não falha a memória, foi FHC quem primeiro cobrou um governo "republicano", na atual temporada. Os tucanos ecoaram. Depois, os petistas. Chico Alencar recorreu à expressão dias atrás, no JN.
E ontem ela foi usada tanto pelo líder do governo na Câmara, Professor Luizinho, na Record, quanto pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, no JN.
O líder saiu dizendo que a operação da PF, que envolve uma empresa do ministro das Comunicações, articulador do esforço para manter o PMDB no governo, era um "risco ao processo republicano".
O ministro, em resposta, defendeu as investigações, "feitas de forma impessoal e republicana, sem perseguir e sem proteger".
O líder voltou atrás.

"BOOM"

ft.com/Reprodução


O "Financial Times" adiantou ontem à noite uma reportagem e uma longa análise (ilustração acima) com elogios rasgados aos países emergentes em geral, Brasil em particular.
"Uma oportunidade histórica para as economias emergentes" é o título da análise, que retrata os países hoje como "um elemento de estabilidade" no mundo. Dá o Brasil de exemplo, "combinando" crescimento do PIB com superávit comercial recorde e dívida declinante. "Esses países estão mais do que nunca no controle de seus destinos econômicos." A reportagem, de sua parte, retrata o "boom" no mercado de títulos da dívida dos países emergentes, "no melhor patamar desde 1998".

CORAGEM

economist.com/Reprodução


O ministro Luiz Furlan seguiu no ataque, pela valorização do dólar. Na Bloomberg, falou em "preocupação". Em entrevista ao "Valor", que rendeu a manchete do jornal, defendeu "ousadia", insinuou que "falta coragem" e disse que "não basta tirar nota 10 em comportamento no curso do FMI". A ele se somaram um diretor do Bradesco, dizendo à Bloomberg que "seria saudável" o Banco Central comprar dólares, e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que na rádio Band ecoou o apelo por uma política menos "conservadora".
Por outro lado, a "Economist" dá a nova capa (acima) à derrocada da moeda americana pelo mundo todo. Diz que "o dólar não é mais o mesmo" e, "nos últimos três anos, caiu 35% contra o euro". Mas a revista apontou o risco para as "economias emergentes que tentam fixar suas moedas contra o dólar" e "imprimem dinheiro".

Protetorado
No Brasil, como mostrou o JN, o governo pediu dinheiro para transferir ao Haiti.
Mas a discussão nos EUA está mais adiantada, segundo o "Miami Herald". Com violência em alta, com tiros ecoando na visita do secretário-geral da ONU, fala-se em tornar o país um protetorado temporário das Nações Unidas, como Kosovo ou Timor Leste -até reerguer a presença do Estado.
A proposta foi feita por Don Bohning, um especialista em questões do Haiti, e afastaria de cena o "ineficiente" governo "apoiado pelos EUA" .

PT haitiano
Por outro lado, o "Washington Times" deu ontem que líderes do PT estão em Port-au-Prince, a capital, para "forjar uma nova esquerda" haitiana.

Tonturas
Lula defendeu o Mercosul e, entusiasmado, a Comunidade Sul-Americana, às vésperas de ser lançada. Mas na seqüência, na Globo News:
- O presidente da Argentina avisou que não vai participar da reunião [da Comunidade]. O anúncio causou mal-estar, pois aumentou a sensação de crise no Mercosul, ao contrário do que disse o presidente Lula.
A desculpa de Néstor Kirchner é que a reunião no Peru, "a 3.740 metros acima do mar, pode lhe provocar tonturas".

Freio
E o argentino "Clarín", ontem, destacou o acordo de Kirchner com o presidente do Paquistão, para "frear a eventual ampliação do Conselho de Segurança da ONU" -e barrar a entrada de Brasil e Índia.


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