São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula usará evento da saúde para negociar CPMF

Presidente quer aproveitar cerimônia de lançamento do PAC do setor para conversar com governadores

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usará a cerimônia de lançamento do PAC da Saúde, na quarta-feira, para articular uma reunião com governadores aliados e da oposição e acertar a estratégia final para aprovar a prorrogação da CPMF, o chamado imposto do cheque.
Lula autorizou o Ministério da Fazenda a negociar com os governadores, principalmente os tucanos, o atendimento de algumas demandas para justificar a mudança de posição de senadores da oposição.
Nos últimos dias, seguindo determinação presidencial, Guido Mantega tem mantido contatos telefônicos com governadores, entre eles José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), para manter negociação.
Segundo a Folha apurou, o governo pode atender pedidos como o aumento de repasse de recursos da Cide (contribuição destinada à manutenção de rodovias) para os Estados e aprovar um projeto que limite o aumento dos gastos com pessoal e de manutenção da máquina pública em 2,5% reais (acima da inflação) por ano.
A trava nos gastos públicos é uma reivindicação dos tucanos. Na semana passada, senadores do partido indicaram que poderiam retomar as conversas com o governo caso ele tomasse medidas efetivas nessa área.
Serra e Aécio decidem amanhã se vão aceitar o convite para participar da cerimônia de lançamento do PAC da Saúde. Se aceitarem, estará subentendido que também topam se reunir com Lula para falar da prorrogação da CPMF.
O PAC da Saúde prevê um aumento no repasse de verbas para o setor no valor de R$ 24 bilhões nos próximos quatro anos, bancado com a arrecadação do imposto do cheque. A proposta é que a fatia da CPMF destinada para a saúde salte de 0,20% para 0,28% no período.
O lançamento do PAC da Saúde está programado antes da aprovação da emenda constitucional que viabilizaria o aumento do repasse de recursos e da própria CPMF. Sem ela, alega o ministro José Gomes Temporão (Saúde), o PAC do setor fica inviabilizado.
O governo acredita que, se atrair todos os governadores tucanos para seu lado, poderá contar com até seis votos do PSDB. Entre eles, Tasso Jereissati (CE), Lúcia Vânia (GO), Eduardo Azeredo (MG) e Cícero Lucena (PB). Nos cálculos, estavam quatro democratas, mas os líderes aliados avaliam que a subida de tom do presidente Lula contra o partido prejudicou as conversas.
Os articuladores de Lula também procuram solucionar pendências na base aliada para garantir pelo menos os 49 votos necessários para aprovar a prorrogação do tributo.
A ordem é atender pedidos de nomeação de cargos e liberação de verbas de senadores que ameaçam votar contra. Na lista estão Expedito Jr. (PR-RO), Romeu Tuma (PTB-SP), Magno Malta (PR-ES), Valter Pereira (PMDB-MS) e Geraldo Mesquita (PMDB-AC).
O governo trabalha para votar a emenda de prorrogação da CPMF na quinta, dois dias após a sessão do Senado que decidirá o futuro político de Renan Calheiros (PMDB-AL).


Texto Anterior: PMDB faz pesquisa interna sobre sucessor de Renan
Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá: O triunfo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.