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outro lado
Defesa recorre e vê sentença "delirante"
Advogado de Daniel Dantas diz que objetivo de recurso é demonstrar a nulidade da decisão e a inconsistência da acusação
ANA FLOR
MARIO CESAR CARVALHO
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A defesa de Daniel Dantas
apresentou ontem mesmo recurso contra a condenação e
afirmou que a sentença do juiz
Fausto De Sanctis é "delirante". Nélio Machado, advogado
do banqueiro, disse que o recurso objetiva demonstrar a
nulidade da sentença e a inconsistência da acusação.
"A sentença é delirante. O
juiz aplaudiu a si próprio. A pena é despropositada. Nem estupradores têm uma pena tão
grande." Para o advogado, "o
juiz é suspeito e a sentença ratifica a suspeição dele".
Machado afirma que não dá
para imaginar que De Sanctis
excluiu a prisão para transmitir
a imagem de ponderado. "Não
dá para parecer um juiz ponderado condenando um réu primário a dez anos de prisão.
Mesmo que pudesse condenar,
ele não poderia dar uma pena
de homicídio qualificado."
A defesa cita "falhas graves"
na sentença. Entre elas, não
abordar a falta de comprovação
da origem do dinheiro do suposto suborno e não explora a
relação entre Protógenes Queiroz, da PF, e Hugo Chicaroni,
além da participação da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência) na investigação.
O advogado afirma que, pela
rapidez da sentença, a defesa
entregue em 19 de novembro
sequer chegou a ser considerada. "É impossível que o juiz tenha analisado a defesa os 130
documentos anexados. Ele não
olhou nada", disse.
Comparou a atitude de De
Sanctis com a de "um juiz que
se empolga" e "que errou de
concurso, que com sua ênfase
acusatória deveria estar no Ministério Público".
"A sentença é uma louvação
ao doutor Protógenes Queiroz.
Parece que o juiz não tem lido
os jornais", declarou, referindo-se às investigações da PF
contra o delegado.
Machado afirmou que "esta é
uma causa emblemática", e se
as instância superiores não
mudarem a decisão, "acabou o
Estado de Direito no Brasil".
O único acerto reconhecido
por Machado na decisão foi o
de manter Dantas em liberdade. "Seria mais uma afronta ao
Supremo [Tribunal Federal]".
Machado chamou de "loucura" a sugestão de que Dantas
tentou infiltrar um aliado no
STF e negou conhecer Sérgio
Cirillo, citado na sentença.
Os advogados do empresário
Humberto Braz e de Hugo Chicaroni afirmaram que vão
apresentar recurso. Renato de
Moraes, advogado de Braz,
afirmou ontem que ainda não
havia recebido a intimação oficial sobre a sentença, mas disse
que vai recorrer. "Estamos
confiantes em que o tribunal
(Tribunal Regional Federal da
3ª Região) vai analisar o processo serenamente e vai absolver Humberto Braz, reformando a sentença", declarou.
Moraes disse que a pena imposta a Braz, de sete anos de reclusão, foi exagerada. Para o
advogado, "a pena foi aplicada
com desmedido o rigor. Ela poderia ser de dois a 12 anos, e o
juiz aplicou [a punição] acima
do termo médio, a uma pessoa
primária". Segundo Moraes,
Braz não ofereceu dinheiro a
delegados da PF e foi vítima de
uma armação de Protógenes,
com a colaboração de Chicaroni . O advogado afirma que, em
maio deste ano, o empresário
descobriu que estava sendo
perseguido por agentes da Abin
e resolveu procurar Chicaroni
somente porque sabia que o
professor conhecia servidores
da instituição federal.
Segundo o advogado,"inicialmente Chicaroni foi cooptado
por Protógenes para servir de
elo, mas ao final, o delegado
abandonou-o". Protógenes já
negou ter preparado uma armadilha no caso.
José Júlio dos Reis, defensor
de Chicaroni, também declarou ontem que apresentará recurso. O advogado disse que
não conhecia o teor oficial da
decisão de De Sanctis e por isso
não comentar a sentença. Reis
afirmou que também não iria
se manifestar sobre as acusações contra Braz.
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