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Sem mexer no PAC, é difícil cortar R$ 20 bi
Nos ministérios com grande volume de investimentos para 2008 os recursos fora do programa são de valores muito baixos
Ministério dos Transportes tem R$ 7,7 bilhões para investimento no PAC, contra apenas R$ 391 milhões em projetos fora do programa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo terá dificuldade
para cumprir a promessa de
cortar R$ 20 bilhões em despesas se realmente for poupar os
investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e os gastos com custeio,
onde estão os programas sociais como Bolsa Família. Em
ministérios com grande volume de investimentos, como
Transportes, Cidades e Integração Nacional, os recursos
para investimentos fora do
PAC são muito baixos.
O ministro Márcio Fortes
(Cidades), que ontem esteve
com o presidente Lula no Palácio do Planalto, não demonstrou grande preocupação. Seu
ministério tem R$ 4,5 bilhões
no PAC e apenas R$ 110 milhões de outros projetos. "Meu
ministério tem uma garantia
forte, por conta do PAC", disse.
Outro que comemorou "imunidade" contra os cortes foi
Tarso Genro (Justiça). Ele disse se basear em conversas com
o presidente Lula e com os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Guido Mantega (Fazenda) ontem. "Não posso descartar [os cortes], mas minha
convicção está sustentada na
visão do presidente", disse o
ministro da Justiça.
O Ministério dos Transportes tem R$ 7,7 bilhões para investimento no PAC, contra
R$ 391 milhões em outros projetos. No Ministério da Integração Nacional (PMDB), há
R$ 2,77 bilhões para o PAC e sobram aproximadamente
R$ 150 milhões para os demais
investimentos. Ou seja, o espaço para cortes, respeitado o
PAC, é muito pequeno nessas
pastas - aproximadamente
R$ 650 milhões, ou 3,2% do total dos cortes.
Ontem Lula também conversou com Fernando Haddad
(Educação). Após a reunião,
Haddad afirmou que estar
ciente de que sua pasta poderá
ser afetada. "Boa parte dos ministérios está não só ciente disso como disposta a colaborar
para que o ajuste fiscal seja
mantido, evidentemente hierarquizando as ações e preservando aquelas que são fundamentais para o desenvolvimento nacional", disse o ministro.
Segundo o ministro da Educação, programas como a expansão das universidades federais e a colaboração com municípios com piores índices educacionais serão preservados.
Entre os grandes investimentos que não estão no PAC e
que são alvo de cortes estão os
relacionados ao reaparelhamento das Forças Armadas. A
Aeronáutica, por exemplo, teria R$ 3,649 bilhões em investimentos, o Exército R$ 2,627 bilhões e a Marinha, R$ 2,172 bilhões. Ou seja, todo o volume de
investimento das Forças Armadas representa menos da metade dos cortes que o governo
planeja fazer. O ministro Nelson Jobim (Defesa) encontra-se na terça com Bernardo para
discutir os cortes.
Mesmo quem não tem grandes orçamentos para investimento pode ser afetado com as
medidas. A implantação da TV
digital, responsabilidade do
Ministério das Comunicações,
poderá ser prejudicada.
Para que o sinal digital seja
captado é necessário conversores. Hoje, os aparelhos custam
até R$ 1000. O governo esperava que eles custassem até R$
150. Para reduzir o preço, o ministério contava com redução
de PIS/Cofins na produção do
conversor. O governo, no entanto, descartou novas desonerações tributárias.
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