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Lula quer entregar parte de obras no São Francisco em 2010
Objetivo é tornar a transposição do rio, que tem custo total de R$ 5 bi, num projeto irreversível para o próximo presidente
Criticada por políticos, índios e religiosos, construção dos túneis e das barragens pelo Exército ocorrem de forma tranquila nos últimos meses
DOS ENVIADOS A CABROBÓ (PE)
E FLORESTA (PE)
O governo diz que concluirá
o eixo leste da transposição do
São Francisco em outubro de
2010, no fim do mandato de Lula. Pelo cronograma, também
será terminada parte do eixo
norte, além de 18 barragens,
nove aquedutos, três túneis e
nove estações de bombeamento, que farão a água chegar às
regiões mais altas.
A intenção é tornar a obra, de
R$ 5 bilhões, um projeto irreversível para o próximo governo, que, até outubro de 2012,
concluiria mais 356 km do eixo
norte, nove barragens, quatro
aquedutos e dois túneis.
O atraso nas obras foi resultado das chuvas no início do
ano em Cabrobó (PE), segundo
o secretário de infraestrutura
hídrica do Ministério da Integração Nacional, João Reis
Santana Filho, em relato no Senado em setembro de 2008.
Ele também citou como obstáculos a fiscalização do Tribunal de Contas da União, as exigências ambientais e a disputa
judicial de empresas que participaram da licitação, além da
regularização fundiária para
indenizar desapropriados.
Andamento das obras
Criticada por políticos, índios, religiosos e artistas, a
transposição -que já gerou
atos polêmicos, como as duas
greves de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, e a paralisação das obras,
derrubada pelo Supremo Tribunal Federal- tem ocorrido
tranquilamente nos últimos
meses.
O Exército constrói sem
maiores obstáculos os canais de
aproximação, para captar água
nas margens do São Francisco,
e os primeiros reservatórios em
Cabrobó e Floresta.
A desistência da empresa Camargo Corrêa de construir um
dos trechos levou o governo a
pedir pressa na instalação do
canteiro de obras pelo novo
consórcio contratado: as empresas Camter e Egesa. Ao todo
são 1.268 pessoas trabalhando
na obra, mas o governo espera
chegar a 7.000 neste ano.
A água do São Francisco será
transportada em dois eixos. O
norte partirá de Cabrobó e chegará a Ceará, Paraíba e Rio
Grande do Norte, numa extensão de 426 km. O eixo leste sairá de Floresta e chegará a Monteiro (PB), percorrendo 287
km. A ideia é levar água às bacias de rios nas regiões secas do
sertão, cariri paraibano e agreste pernambucano.
A menos de 40 metros da
margem do rio São Francisco,
em Cabrobó, o Exército abre
um canal de 2.080 metros de
comprimento para captar a
água. Nessa fase, ela será transportada ao reservatório de Tucutu, o primeiro no eixo norte,
que ocupará a área de 354 hectares onde houve desmate da
vegetação seca, espinhosa e
cinza da caatinga. A madeira do
desmatamento está acumulada
em pilhas no local.
Nesse trecho da obra trabalham 380 pessoas, movimentando 49 caçambas e 18 tratores e escavadeiras.
No eixo leste, em Floresta, o
canal de aproximação terá cerca de 5.800 metros. A barragem
do reservatório de Areias alcançará 15 metros de altura e 1
km de comprimento. "Ninguém sabe que isso está assim,
se vissem o tamanho do buraco
[do canal], ficariam impressionados", diz o tenente do Exército Daniel Carvalho de Britto.
(HUDSON CORRÊA E SÉRGIO LIMA)
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