São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2009

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Lula quer entregar parte de obras no São Francisco em 2010

Objetivo é tornar a transposição do rio, que tem custo total de R$ 5 bi, num projeto irreversível para o próximo presidente

Criticada por políticos, índios e religiosos, construção dos túneis e das barragens pelo Exército ocorrem de forma tranquila nos últimos meses

DOS ENVIADOS A CABROBÓ (PE)
E FLORESTA (PE)

O governo diz que concluirá o eixo leste da transposição do São Francisco em outubro de 2010, no fim do mandato de Lula. Pelo cronograma, também será terminada parte do eixo norte, além de 18 barragens, nove aquedutos, três túneis e nove estações de bombeamento, que farão a água chegar às regiões mais altas.
A intenção é tornar a obra, de R$ 5 bilhões, um projeto irreversível para o próximo governo, que, até outubro de 2012, concluiria mais 356 km do eixo norte, nove barragens, quatro aquedutos e dois túneis.
O atraso nas obras foi resultado das chuvas no início do ano em Cabrobó (PE), segundo o secretário de infraestrutura hídrica do Ministério da Integração Nacional, João Reis Santana Filho, em relato no Senado em setembro de 2008.
Ele também citou como obstáculos a fiscalização do Tribunal de Contas da União, as exigências ambientais e a disputa judicial de empresas que participaram da licitação, além da regularização fundiária para indenizar desapropriados.

Andamento das obras
Criticada por políticos, índios, religiosos e artistas, a transposição -que já gerou atos polêmicos, como as duas greves de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, e a paralisação das obras, derrubada pelo Supremo Tribunal Federal- tem ocorrido tranquilamente nos últimos meses.
O Exército constrói sem maiores obstáculos os canais de aproximação, para captar água nas margens do São Francisco, e os primeiros reservatórios em Cabrobó e Floresta.
A desistência da empresa Camargo Corrêa de construir um dos trechos levou o governo a pedir pressa na instalação do canteiro de obras pelo novo consórcio contratado: as empresas Camter e Egesa. Ao todo são 1.268 pessoas trabalhando na obra, mas o governo espera chegar a 7.000 neste ano.
A água do São Francisco será transportada em dois eixos. O norte partirá de Cabrobó e chegará a Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, numa extensão de 426 km. O eixo leste sairá de Floresta e chegará a Monteiro (PB), percorrendo 287 km. A ideia é levar água às bacias de rios nas regiões secas do sertão, cariri paraibano e agreste pernambucano.
A menos de 40 metros da margem do rio São Francisco, em Cabrobó, o Exército abre um canal de 2.080 metros de comprimento para captar a água. Nessa fase, ela será transportada ao reservatório de Tucutu, o primeiro no eixo norte, que ocupará a área de 354 hectares onde houve desmate da vegetação seca, espinhosa e cinza da caatinga. A madeira do desmatamento está acumulada em pilhas no local.
Nesse trecho da obra trabalham 380 pessoas, movimentando 49 caçambas e 18 tratores e escavadeiras.
No eixo leste, em Floresta, o canal de aproximação terá cerca de 5.800 metros. A barragem do reservatório de Areias alcançará 15 metros de altura e 1 km de comprimento. "Ninguém sabe que isso está assim, se vissem o tamanho do buraco [do canal], ficariam impressionados", diz o tenente do Exército Daniel Carvalho de Britto. (HUDSON CORRÊA E SÉRGIO LIMA)


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