São Paulo, segunda, 4 de janeiro de 1999

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PAINEL

Começando fraco
Celso Lafer está passando por maus bocados. Não consegue montar a sua equipe para o Desenvolvimento. Deve receber um prato feito do Planalto, que quer escolher o novo presidente do BNDES e fazer dele o verdadeiro "operador" do novo ministério.

Ninguém é de ferro
Amigos que estiveram com FHC no final de semana em Brasília atribuem o monótono e fraco discurso de posse ao estado físico e emocional do presidente. Dizem que ele está cansado, precisando de uns dez dias de férias.

Equipe no bagaço
No coquetel da posse, no Planalto, um antigo auxiliar de FHC descreveu dezembro como muito estressante. Conta que as decisões mudavam de uma hora para outra e que foi um parto achar o titular do Desenvolvimento. Sem falar no vai-e-vem de nomes e pastas para os aliados.

Assim funciona a era FHC
O assédio que Horácio Piva (Fiesp) recebeu no coquetel de posse de FHC foi infinitamente superior ao de Eduardo Gouveia (Firjan), que dá apoio incondicional à equipe econômica. São os louros pela pressão que faz sobre o governo. Exemplo: a promessa de FHC de juros de 17% ao ano no fim 99 saiu de uma conversa entre Piva e o presidente.

Democracia radical
Em consonância com o clima de desalento que dominou as cerimônias de posse de FHC, o almoço de hoje no Itamaraty terá um fecho de ouro: o presidente do Peru, Alberto Fujimori, falará em nome dos chefes de Estado.

Sono tranquilo
A comunidade financeira de Londres recebeu a indicação de Celso Lafer com pouca crença de que ele venha a se contrapor à linha de Malan e Gustavo Franco -o plano de Mendonção para o Ministério do Desenvolvimento.

Filme antigo
De um ministro, no coquetel da posse, sobre o pacote de Malan que taxa as empresas: "Há alguma dúvida de que os custos serão repassados ao consumidor?"

Amor ao trabalho
Ex-chefe do Tesouro de Mato Grosso do Sul, Eliseu Tabosa é acusado de arrombar uma porta do órgão no dia 31. Literalmente. A polícia suspeita que ele tenha ido emitir cartas de crédito.

No limbo
Herança que Zeca do PT recebeu de Wilson Martins (PMDB), que deixou, de fato, o governo do Mato Grosso no Natal: R$ 300 mi de dívidas de curto prazo e R$ 100 mi de salários atrasados. Arrecadação: R$ 80 mi por mês.

Saneando
Garotinho (PDT-RJ) assumiu o governo pensando em uma forma de vender a participação do Estado do Rio na Peugeot. Acha que não há sentido em ser sócio de montadora e privatizar a estatal de saneamento.

Adubando dá
A Polícia Federal teme que o fim do programa de emergência contra a seca impulsione mais uma vez as plantações de maconha em Pernambuco. Sem a ajuda do governo, os sertanejos voltariam a ser mão-de-obra fácil para os produtores da erva.

Uma mão lava a outra
A boa vontade da bancada pepebista com Covas na Assembléia de SP em recentes votações polêmicas tem explicação: os votos de tucanos que ajudaram a aprovar todas as contas da época em que Maluf foi governador.

Franco-atirador
Tucanos paulistas que sonham com um candidato à liderança do PSDB na Câmara procuram um nome alternativo ao de Arthur Virgílio (AM), que não daria nem para a saída contra Aécio Neves (MG), o favorito.

Pequeno detalhe
A campanha de alguns tucanos para emplacar David Zylbersztajn na presidência da Petrobrás chegou até os jornais. Em vão. Diretor-geral da ANP, ele não pode trabalhar para nenhuma empresa do setor de petróleo por um ano após deixar o cargo.

Ato falho
O deputado estadual Afanasio Jazadji (PFL-SP) não perde chance de reafirmar seu preconceito contra os homossexuais: alguns meses do calendário de 1999 que distribuiu aos eleitores simplesmente não têm o dia 24.

TIROTEIO

De Jacques Wagner (PT-BA), sobre FHC ter dito em seu discurso de posse que não é o "gerente da crise":
- O presidente tem razão. Não é o gerente. É o pai dela.

CONTRAPONTO

Cabelos grisalhos

Dois auxiliares do presidente Fernando Henrique Cardoso se encontram no coquetel da posse, no Palácio do Planalto, e começam a conversar sobre o correr dos anos.
- Outro dia vi uma intriga de jornal sobre a sua idade e o tamanho da sua família - diz, cautelosamente, um ministro do presidente.
- É verdade, tenho dois netos - responde o outro.
- Mas que idade você tem?
- 49 anos - diz o avô, que, de fato, aparenta menos anos do que tem.
Conversa vai, conversa vem, falam sobre as mulheres e de uma eventual ajuda que a maturidade dá em matéria de conquistas amorosas.
E um deles brinca com o fato de FHC, aos 67 anos, receber cartas e mensagens de senhoras elogiando a sua elegância:
- É como o presidente sempre diz: "Ainda faço sucesso com as mulheres numa certa faixa de idade".



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