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Acusado move ação trabalhista
da Reportagem Local
O ex-diretor do Noroeste Nelson
Sakagushi prestou depoimento
durante 12 horas à polícia no último dia 9 de novembro.
Inicialmente, disse que daria
procuração para abrir suas contas
no país e no exterior e pediu que
fossem juntadas ao inquérito cópias de documentos do processo
trabalhista que move contra o Noroeste, a título de obter indenização por danos morais.
Advogados experientes sabem
que a abertura de processos trabalhistas, paralelamente a um inquérito policial, pode ter objetivos como confundir a investigação principal ou abrir a possibilidade de
acordos e disfarçar recompensas.
Aparentemente, Sakagushi tenta
provar que as operações denunciadas eram "corriqueiras" no banco.
No processo trabalhista, seus advogados argumentam que nenhuma instituição financeira realiza
operações de alto vulto sem aprovação do escalão mais alto ou de
um comitê de acionistas. Alegam
ainda que se pretende atribuir a
Sakagushi poderes e autonomia
que ele não teria.
Eis alguns exemplos citados:
1) os advogados afirmam que a
operação financeira que originou
as acusações consistiu numa sequência de 30 remessas mensais, a
partir de 1995, de valores depositados na agência das Ilhas Cayman,
algumas delas para futuro investimento na Nigéria;
2) esse negócio foi um dentre dezenas de outros, determinados pelos controladores da empresa e devidamente escriturados na contabilidade do Noroeste e nos bancos
internacionais pelos quais os valores transitaram;
3) entre maio de 95 e janeiro de
98, foram transferidos cerca de
US$ 190 milhões de agências do
Noroeste para o Lloyd"s Bank e Citibank, da Suíça, e outras instituições em Londres e em Hong Kong
(cerca de 90 remessas de numerário, todas escrituradas e reportadas aos superiores);
4) entre 94 e 96, foram realizadas
operações de naturezas fiscais (20
operações da ordem de US$ 60 milhões), citadas como clones da
"Operação Uruguai" realizada no
final do governo Collor;
5) entre 93 e 94, o saldo de comissões a pagar à Chrysler, dos EUA,
de exportações de diversas empresas foi transferido à conta de controladores do banco, no valor
aproximado de US$ 900 mil;
6) entre 95 e 97, foi determinado
a Sakagushi que provisionasse, semestralmente, na agência de Cayman, US$ 900 mil para saque em
espécie e distribuição a diretores.
Ao contestar a ação de Sakagushi, os advogados dos ex-controladores do Noroeste afirmam que as
alegações são "evasivas, com acusações criminosas". E que o ex-diretor acusado "em momento algum preocupa-se em prová-las,
mesmo porque sabe da inveracidade de suas sustentações".
Dizem ainda que as operações
narradas no processo trabalhista
são "diversas" das narradas na petição inicial, o que revela "expediente protelatório e ilegal" para
"conturbar a apuração" do processo principal.
Em seu depoimento, Sakagushi
também tenta atribuir a um de
seus subordinados, Otávio Valero,
a responsabilidade maior pela
operação que é investigada.
Sakagushi disse que, dias antes
de depor, recebera telefonema de
Valero para conversar sobre o depoimento que iria prestar.
Ele diz que Valero costumava ter
acesso direto à vice-presidência.
Valero depôs em julho, bem antes
de Sakagushi. Disse à polícia que,
para Sakagushi, era fácil executar
qualquer tipo de remessa e que tinha poderes para tanto, pois era
diretor da área internacional.
(FV)
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