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Busca ao dinheiro não evolui
da Reportagem Local
Para sustentar a acusação contra
Nelson Sakagushi, os ex-controladores do Noroeste contrataram o
escritório do advogado criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, ex-secretário da Segurança
no governo Orestes Quércia.
Esperavam somar a competência
do advogado com o conhecimento
que Mariz tem da máquina policial
do Estado, pois previam que o inquérito não iria para a área federal.
Para cuidar da parte cível e levantar elementos para processar a
Price, os ex-donos do Noroeste
contrataram o escritório do advogado Paulo Lazzareschi, cuja eficiência já conheciam, embora no
outro lado da mesa.
Lazzareschi foi um dos advogados de Naji Nahas, um acionista do
Noroeste que manteve longo contencioso com o banco.
A indicação do delegado Romeu
Tuma Jr. para dirigir o inquérito
associava seu nome à Interpol, sugerindo formas mais rápidas de localizar o dinheiro desviado no exterior, graças ao intercâmbio com
polícias de outros países. Não foi o
que aconteceu até agora.
O delegado foi candidato a deputado federal, e o Noroeste foi um
dos contribuintes da campanha do
senador Romeu Tuma, seu pai, na
eleição de 1994.
De fato, o banco dos Wallace e
dos Simonsen contribuiu com R$
40 mil (declarados oficialmente)
para eleger o senador. É mais do
que o Bradesco doou e menos do
que foi dado pelo Itaú (os recursos
da campanha de Tuma Jr. ainda
não estão disponíveis no TRE).
Mas é temerário admitir que essa
ajuda eleitoral seria capaz de influenciar a atuação do delegado
(que não se elegeu). Em julho último, Tuma Jr. disse à Folha que a
polícia investigaria a todos, "doa a
quem doer".
Para demonstrar o interesse em
recuperar o dinheiro desviado, estivesse onde estivesse, os ex-controladores imediatamente deixaram vazar que haviam contratado
a Kroll Associates, firma privada
norte-americana especializada em
caçar fortunas ilegais nos quatro
cantos do mundo. A Kroll não conseguiu colocar a mão na caça.
Critica-se o fato de que a Kroll
chegou aonde os investigadores do
banco e os auditores da Price já haviam chegado: a rota do desvio do
dinheiro para os cinco países.
A Kroll teria localizado uma conta de Sakagushi, no Citibank, em
Nova York, e uma firma "off-shore" em seu nome (num paraíso fiscal). Mas não teriam encontrado,
da parte dos contratantes, maior
receptividade para a idéia de obter
uma autorização para bloquear a
tal conta (o que a Kroll poderia
conseguir junto a um juiz norte-americano).
O bloqueio impediria a movimentação financeira, permitiria
rastrear eventuais depósitos para
outras contas e, quem sabe, identificar outros eventuais beneficiários.
O delegado Múcio Alvarenga,
que ficou à frente do inquérito, pediu ao chefe da Interpol, em Brasília, para levantar dados sobre as
contas de uma empresa "off-shore", chamada Olbene, numa agência do Citibank em Nova York, que
provavelmente pertencia ou era
gerenciada por Sakagushi.
Aparentemente eficiente nos primeiros interrogatórios, a Kroll
passou a disputar com os agentes
do Noroeste a vigilância dos passos de Sakagushi, como num filme
do inspetor Jacques Clouseau
(personagem do ator Peter Sellers).
Ao deixar sua casa, na Granja
Vianna, em Cotia, sem saber, Sakagushi muitas vezes foi seguido
por um agente da Kroll. Que, por
sua vez, era seguido por agentes do
Noroeste.
(FV)
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