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Minoritários temem prejuízo
da Reportagem Local
De livre e espontânea vontade, o
industrial Marcos Ribeiro Simon
apresentou-se ao delegado Múcio
Alvarenga, em setembro passado,
para prestar declarações no inquérito do Noroeste.
Simon é um dos muitos acionistas minoritários do Noroeste que
foram surpreendidos pelo desfalque no banco.
Ele disse ao delegado Alvarenga
que duvidara das declarações dos
ex-controladores do banco de que
nenhum dos acionistas e nem o
banco iriam suportar nenhum prejuízo devido ao desfalque.
Segundo Simon, além do desfalque inicial, em torno de US$ 250
milhões, o balanço do primeiro semestre deste ano -já na nova administração- apresentava um
prejuízo de US$ 200 milhões.
Afirmando não saber o valor do
seu patrimônio que fora dilapidado, e também acreditando ter sido
vítima, Simon disse que desejava a
apuração plena das responsabilidades, seja dos auditores externos,
dos antigos e novos controladores
e dos funcionários participantes,
geradores do seu prejuízo.
A iniciativa de Simon está associada a outras de grupos de acionistas que tentaram -no início de
setembro- impedir o aumento de
capital do banco.
Esses acionistas temiam a perda
de sua participação no banco (diluição acionária). Para evitar isso,
exigiam uma nova auditoria para
apurar todas as repercussões das
fraudes, e, em especial, os provisionamentos (reforços) feitos pela
nova administração.
Os acionistas propunham ações
de ressarcimento de dano contra
os ex-controladores e todos os administradores que tenham participado da gestão anterior do Noroeste (proposta não aceita pelos
novos controladores).
Segundo eles, não teria havido
ressarcimento completo dos lucros cessantes causados à empresa
(lucros que o banco teria deixado
de realizar no período). O Noroeste, afirmam, possuía uma das
maiores taxas de rentabilidade sobre o patrimônio líquido.
Se o banco tivesse sido indenizado levando em conta os lucros cessantes, segundo as taxas de rentabilidade, a indenização teria sido
maior, o que possivelmente dispensaria a totalidade, ou, ao menos, parte do aumento de capital.
Eles argumentavam ainda que o
ressarcimento poderia ter sido feito imediatamente, pois os novos
controladores haviam retido US$
120 milhões para eventuais contingências.
Eles alegavam ter havido omissão na fiscalização e na proteção
dos interesses da companhia. Queriam conhecer os critérios para a
fixação dos preços das ações e
questionavam a criação de novos
tipos de ações.
Os acionistas minoritários argumentavam ainda que o patrimônio
do banco fora reduzido por meio
de metodologia contábil obscura,
criando artificialmente a necessidade de aumentar o capital.
Para os minoritários que não
subscrevessem as ações, haveria
diminuição da participação na
companhia. E diminuição no valor
a receber como dividendos. Mais
importante, sofreriam a perda do
poder decisório garantido por lei.
²
Destino ignorado
Até hoje não se tem idéia do destino do dinheiro desviado do banco Noroeste.
Segundo especialistas, o rombo
pode ter sido causado por operações mal-sucedidas no mercado
internacional (nesse caso, teria sido montada uma farsa contábil para justificar as perdas).
Outra hipótese é que o dinheiro
ainda estaria em contas no exterior.
(FV)
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