São Paulo, segunda, 4 de janeiro de 1999

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Minoritários temem prejuízo

da Reportagem Local

De livre e espontânea vontade, o industrial Marcos Ribeiro Simon apresentou-se ao delegado Múcio Alvarenga, em setembro passado, para prestar declarações no inquérito do Noroeste.
Simon é um dos muitos acionistas minoritários do Noroeste que foram surpreendidos pelo desfalque no banco.
Ele disse ao delegado Alvarenga que duvidara das declarações dos ex-controladores do banco de que nenhum dos acionistas e nem o banco iriam suportar nenhum prejuízo devido ao desfalque.
Segundo Simon, além do desfalque inicial, em torno de US$ 250 milhões, o balanço do primeiro semestre deste ano -já na nova administração- apresentava um prejuízo de US$ 200 milhões.
Afirmando não saber o valor do seu patrimônio que fora dilapidado, e também acreditando ter sido vítima, Simon disse que desejava a apuração plena das responsabilidades, seja dos auditores externos, dos antigos e novos controladores e dos funcionários participantes, geradores do seu prejuízo.
A iniciativa de Simon está associada a outras de grupos de acionistas que tentaram -no início de setembro- impedir o aumento de capital do banco.
Esses acionistas temiam a perda de sua participação no banco (diluição acionária). Para evitar isso, exigiam uma nova auditoria para apurar todas as repercussões das fraudes, e, em especial, os provisionamentos (reforços) feitos pela nova administração.
Os acionistas propunham ações de ressarcimento de dano contra os ex-controladores e todos os administradores que tenham participado da gestão anterior do Noroeste (proposta não aceita pelos novos controladores).
Segundo eles, não teria havido ressarcimento completo dos lucros cessantes causados à empresa (lucros que o banco teria deixado de realizar no período). O Noroeste, afirmam, possuía uma das maiores taxas de rentabilidade sobre o patrimônio líquido.
Se o banco tivesse sido indenizado levando em conta os lucros cessantes, segundo as taxas de rentabilidade, a indenização teria sido maior, o que possivelmente dispensaria a totalidade, ou, ao menos, parte do aumento de capital.
Eles argumentavam ainda que o ressarcimento poderia ter sido feito imediatamente, pois os novos controladores haviam retido US$ 120 milhões para eventuais contingências.
Eles alegavam ter havido omissão na fiscalização e na proteção dos interesses da companhia. Queriam conhecer os critérios para a fixação dos preços das ações e questionavam a criação de novos tipos de ações.
Os acionistas minoritários argumentavam ainda que o patrimônio do banco fora reduzido por meio de metodologia contábil obscura, criando artificialmente a necessidade de aumentar o capital.
Para os minoritários que não subscrevessem as ações, haveria diminuição da participação na companhia. E diminuição no valor a receber como dividendos. Mais importante, sofreriam a perda do poder decisório garantido por lei.
² Destino ignorado
Até hoje não se tem idéia do destino do dinheiro desviado do banco Noroeste.
Segundo especialistas, o rombo pode ter sido causado por operações mal-sucedidas no mercado internacional (nesse caso, teria sido montada uma farsa contábil para justificar as perdas).
Outra hipótese é que o dinheiro ainda estaria em contas no exterior. (FV)



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