São Paulo, sábado, 04 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O PUBLICITÁRIO

Em depoimento à PF, publicitário diz não saber de caixa 2 em estatal

"Serei indiciado", diz Valério

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em novo depoimento à Polícia Federal, o publicitário Marcos Valério de Souza afirmou ontem ter "certeza" de que será indiciado pela prática de crimes.
"Ainda não [fui indiciado]. Mas com certeza a PF irá indiciar. Não sei [por quais crimes]. Por alguma coisa terá que ser. É evidente", disse, ao deixar a sede da PF, em Brasília.
"A Justiça vai determinar, e serei indiciado. Vou ser punido e vou me defender na Justiça."
As investigações do "mensalão" apresentaram indícios de que Valério teria praticado os crimes de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro.
Ainda está em curso a perícia na contabilidade dos bancos Rural e BMG e da empresa Visanet. Segundo investigadores, desse trabalho podem surgir elementos que comprovariam eventual participação de Valério no desvio de recursos públicos. Se isso acontecer, ele também poderá ser indiciado pela prática de corrupção e peculato.
O publicitário nega ter usado dinheiro público para irrigar o caixa dois petista. Sempre mantém a versão de que foi por meio de empréstimos, contraídos no Rural e no BMG, que repassou dinheiro ao PT.
Valério foi chamado pela PF para dar informações relativas ao inquérito que investiga suposto caixa dois de R$ 91,3 milhões que teria irrigado a campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais, em 1998.

Tesoureiro
Lista assinada por Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha tucana, descreve os beneficiários do caixa dois e aponta as agências de publicidade DNA e SMPB, das quais Valério era sócio, como o canal pelo qual passaram R$ 53,8 milhões de contabilidade eleitoral paralela.
O empresário não reconhece esse valor. À PF reafirmou ter tomado um empréstimo de R$ 9 milhões no Rural para repassar à campanha. E reiterou que metade desse dinheiro foi usada como pagamento dos serviços prestados pelo publicitário Duda Mendonça.
Mourão afirma que não é o responsável pela elaboração dos documentos que descrevem a contabilidade paralela tucana, apesar de reconhecer como sua a assinatura que consta da terceira página do documento original obtido pela PF.
Marcos Valério também foi questionado sobre a lista que aponta um suposto caixa dois de R$ 40 milhões que tinha como fonte a estatal Furnas Centrais Elétricas e que teria sido distribuído principalmente a políticos de PSDB, PFL, PTB, PL e PP em 2002.
Ele disse desconhecer os papéis e afirmou nunca ter feito negócios com Furnas. Negou que suas agências tenham alimentado caixa dois da estatal, conforme está indicado na papelada, que também registra as empresas que teriam colaborado com o fundo ilegal.
"Eu não conheço Furnas, nunca trabalhei com a empresa. Nunca fizemos campanha [para a estatal]", disse.


Texto Anterior: Tucano defende apuração antes de caso chegar à CPI
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.