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O PUBLICITÁRIO
Em depoimento à PF, publicitário diz não saber de caixa 2 em estatal
"Serei indiciado", diz Valério
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em novo depoimento à Polícia Federal, o publicitário Marcos Valério de Souza afirmou
ontem ter "certeza" de que será
indiciado pela prática de crimes.
"Ainda não [fui indiciado].
Mas com certeza a PF irá indiciar. Não sei [por quais crimes].
Por alguma coisa terá que ser. É
evidente", disse, ao deixar a sede
da PF, em Brasília.
"A Justiça vai determinar, e serei indiciado. Vou ser punido e
vou me defender na Justiça."
As investigações do "mensalão" apresentaram indícios de
que Valério teria praticado os
crimes de lavagem de dinheiro e
contra o sistema financeiro.
Ainda está em curso a perícia
na contabilidade dos bancos
Rural e BMG e da empresa Visanet. Segundo investigadores,
desse trabalho podem surgir
elementos que comprovariam
eventual participação de Valério
no desvio de recursos públicos.
Se isso acontecer, ele também
poderá ser indiciado pela prática de corrupção e peculato.
O publicitário nega ter usado
dinheiro público para irrigar o
caixa dois petista. Sempre mantém a versão de que foi por meio
de empréstimos, contraídos no
Rural e no BMG, que repassou
dinheiro ao PT.
Valério foi chamado pela PF
para dar informações relativas
ao inquérito que investiga suposto caixa dois de R$ 91,3 milhões que teria irrigado a campanha do senador Eduardo
Azeredo (PSDB) ao governo de
Minas Gerais, em 1998.
Tesoureiro
Lista assinada por Cláudio
Mourão, tesoureiro da campanha tucana, descreve os beneficiários do caixa dois e aponta as
agências de publicidade DNA e
SMPB, das quais Valério era sócio, como o canal pelo qual passaram R$ 53,8 milhões de contabilidade eleitoral paralela.
O empresário não reconhece
esse valor. À PF reafirmou ter
tomado um empréstimo de R$ 9
milhões no Rural para repassar
à campanha. E reiterou que metade desse dinheiro foi usada
como pagamento dos serviços
prestados pelo publicitário Duda Mendonça.
Mourão afirma que não é o
responsável pela elaboração dos
documentos que descrevem a
contabilidade paralela tucana,
apesar de reconhecer como sua
a assinatura que consta da terceira página do documento original obtido pela PF.
Marcos Valério também foi
questionado sobre a lista que
aponta um suposto caixa dois
de R$ 40 milhões que tinha como fonte a estatal Furnas Centrais Elétricas e que teria sido
distribuído principalmente a
políticos de PSDB, PFL, PTB, PL
e PP em 2002.
Ele disse desconhecer os papéis e afirmou nunca ter feito
negócios com Furnas. Negou
que suas agências tenham alimentado caixa dois da estatal,
conforme está indicado na papelada, que também registra as
empresas que teriam colaborado com o fundo ilegal.
"Eu não conheço Furnas,
nunca trabalhei com a empresa.
Nunca fizemos campanha [para
a estatal]", disse.
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