São Paulo, sábado, 04 de fevereiro de 2006

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SOB SUSPEITA

Secretário-executivo foi demitido nesta semana

Ministério acusa funcionários de participar de esquema irregular

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério do Trabalho afirmou ter descoberto um suposto esquema irregular para venda de serviços de informática envolvendo funcionários da pasta e empregados terceirizados.
As investigações começaram em agosto do ano passado, depois de uma denúncia anônima. No mesmo mês, dois funcionários foram exonerados.
Depois dos dois, foram afastados outros sete empregados, todos terceirizados. Eles trabalham para a Politec, que é a prestadora de serviços de informática para o ministério. O Trabalho não sabe dizer se houve prejuízos à pasta.
De acordo com o relato do ministério, os envolvidos teriam montado um esquema para "criar dificuldades e vender facilidades". O grupo teria dificultado o processo de produção de um programa de informática encomendado à Cobra Tecnologia, empresa controlada pelo Banco do Brasil. Em setembro de 2004, a Cobra foi contratada pelo Trabalho para elaborar um software destinado ao gerenciamento do programa Primeiro Emprego.
"A Cobra entregou duas versões, que não foram aprovadas. Essas pessoas supostamente dificultavam o acesso a informações para o bom desenvolvimento do produto. Depois, eles diziam que poderiam resolver o problema, forçando a contratação do serviço deles", contou Marinho.
Um dos citados no suposto esquema era o então secretário-executivo da pasta, Alencar Ferreira Júnior, que saiu do ministério nesta semana. Segundo o ministério, Ferreira pediu demissão por motivos familiares e teria acertado sua saída desde que Marinho assumiu o Trabalho, em julho de 2005. Ferreira foi nomeado pelo ex-ministro Ricardo Berzoini.
A demissão de Ferreira ocorreu, no entanto, uma semana depois de o ministério tomar conhecimento de que o caso tinha chegado a uma revista semanal. "Alencar já tinha pedido para sair e eu pedi que ele ficasse para fazer a transição. O processo pode ter motivado sua saída, mas não necessariamente", disse Marinho.

Outro lado
A Politec disse que os sete funcionários afastados pelo Ministério do Trabalho foram deslocados, a pedido da própria pasta, para atuar no projeto desenvolvido pela Cobra. A empresa também afirmou não ter controle sobre esse tipo de deslocamento, que não tomou conhecimento do fato e que está sendo vítima "por causa de seu padrão de excelência". Destacou, também, que a Cobra não estava obtendo sucesso no programa para o Primeiro Emprego.
A Folha procurou Alencar para se manifestar sobre o caso, mas o ex-secretário-executivo está viajando de férias, segundo seus ex-assessores no ministério. A Cobra declarou que não irá se pronunciar sobre o assunto, pois o caso não envolve seus funcionários e há uma comissão de sindicância do Trabalho apurando as supostas irregularidades.


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