São Paulo, sábado, 04 de fevereiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Ex-governador diz que Planalto quer comprar apoio de governadores a Rigotto com liberação de verbas; Wagner nega acusação

Garotinho acusa Lula de "cooptar" PMDB

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-governador do Rio Anthony Garotinho acusou o Palácio do Planalto de aliciar governadores do PMDB com liberação de verbas para atuar politicamente contra ele, apoiando o governador gaúcho Germano Rigotto nas prévias para indicar o candidato do partido à Presidência.
Para Garotinho, a ação é "antiética" e revela "preocupação visível" do governo federal com sua candidatura à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O Palácio do Planalto está assediando governadores do PMDB, e isso é antiético. O interlocutor é Jaques Wagner [ministro de Relações Institucionais]. Deram R$ 48 milhões para Pernambuco [governado pelo peemedebista Jarbas Vasconcelos]. É aliciamento, tentativa de comprar o partido, e o PMDB não está à venda."
Rigotto é visto com simpatia pela ala governista do PMDB, que acredita poder convencê-lo a abrir mão de eventual candidatura para apoiar o PT na disputa.
Para Garotinho, a medida "só piora a situação [de Lula] no partido". "O governo pensa que com assédio consegue simpatia, mas só ganha antipatia das bases. Lembro a Lula frase de Gandhi: "Tudo conquistado pela força só é mantido pela força". Não adianta ganhar pela força, porque não vai manter. A força do PMDB são as bases, não os caciques."
Garotinho, entretanto, diz que Rigotto, a quem chama de "amigo", "não se prestaria a uma candidatura de barriga de aluguel".
O ministro Jaques Wagner negou "qualquer tipo de cooptação". "O ex-governador Garotinho está fazendo uma avaliação errada do PMDB, pois o partido de Ulysses Guimarães jamais deixou ou deixará se cooptar."
Wagner disse considerar que Garotinho quer chamar a atenção para sua candidatura, mas que deveria estar preocupado em unir o PMDB em torno dela, "coisa que não está conseguindo".

Quércia
Garotinho respondeu ao ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, que o acusou de usar seu nome sem autorização em contato com peemedebistas no Estado. "Fiz reuniões com o PMDB e não podia pedir voto para Geraldo Alckmin, José Aníbal, Eduardo Suplicy. Vou pedir voto para ele mesmo, que é candidato do meu partido. Semana que vem, em todos os lugares, vou continuar pedindo voto para ele. Meu candidato é Orestes Quércia."
Garotinho estará em São Paulo, de quarta a domingo, fazendo campanha. Ele disse não ter se surpreendido com o apoio de Quércia a Rigotto porque o ex-governador já havia lhe avisado. Ele acredita ter o apoio do presidente do PMDB, Michel Temer.


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