São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

RePACtuar

O PT já sabe com o que acenar na tentativa de atrair aliados magoados na Câmara. A cenoura será a divisão de cargos na Comissão Especial a ser criada por Arlindo Chinaglia para analisar em conjunto os projetos de lei e as medidas provisórias do PAC.
O novo presidente acha que a tramitação separada das propostas pode desvirtuar o programa de Lula. E vê a chance de criar uma "agenda virtuosa" para melhorar a imagem da Câmara logo no início dos trabalhos. A comissão terá relatoria de sistematização e várias sub-relatorias temáticas, com visibilidade garantida a quem ocupá-las. Esses postos serão oferecidos a aliados que estiveram com Aldo Rebelo (PC do B-SP) na eleição e também a oposicionistas. O comando da supercomissão, porém, deve ficar nas mãos do PT.

Água no chope. Nem tudo será festa nas comemorações dos 27 anos do PT, no próximo final de semana em Salvador. A pedido da cúpula do partido, Dilma Rousseff fará exposição sobre o PAC ao Diretório Nacional. Duas semanas atrás, quando a ministra apresentou demoradamente o plano, vários dos presentes à cerimônia no Planalto acabaram cochilando.

Modos de ver. Lula disse a mais de uma pessoa que não oferecerá cargo nenhum a Aldo, derrotado na disputa pelo comando da Câmara. Segundo petistas, o presidente se aborreceu com o tom quase oposicionista adotado por seu fiel colaborador na reta final da campanha. Já aliados de Aldo afirmam que o convite não virá por outro motivo: Lula sabe que seria recusado.

Prova cabal. Um deputado cuidou de registrar o exato momento de seu voto na eleição da Mesa com a câmera do celular. Em seguida, procurou o candidato com o qual se comprometera para mostrar que não o havia traído.

Prévia. Conquistada a presidência da Câmara, o PT entrou em litígio interno para definir o líder do partido na Casa. A disputa entre Luiz Sérgio (RJ) e Maurício Rands (PE) antecipa outra, maior, que se dará no congresso da sigla, em julho. Sérgio é apoiado por um grupo em que se destaca José Dirceu. Rands é o nome de Tarso Genro e de parlamentares do Nordeste.

Para menores. No encontro em que foi apresentado aos demais senadores do PTB, Fernando Collor disse que sua atuação parlamentar terá perfil conciliador, em contraste com a beligerância dos tempos da Presidência. "Tenho filhas gêmeas de dois anos", explicou. "Preciso resgatar minha biografia."

Para registro. A despeito do bombardeio sofrido durante a campanha eleitoral de 1989, José Sarney transmitiu, como manda a liturgia, a faixa presidencial a Collor. Foi João Baptista Figueiredo quem, em 1985, recusou-se a passar a faixa a Sarney.

Em resposta 1. Em pé de guerra com o governo Serra, USP, Unicamp e Unesp preparam um arsenal de números na tentativa de demonstrar que sua eficiência só fez crescer desde o estabelecimento, em 1989, da autonomia das universidades paulistas. Elas avaliam que a retenção de recursos, entre outras medidas tomadas pelo Executivo, ameaça a autonomia.

Em resposta 2. O número de vagas nas três instituições cresceu 53% desde 1989. Em cursos noturnos, 124%. A relação professor/aluno, um dos critérios usados no mundo todo para medir eficiência, saltou 104%. A Unicamp tem hoje 18,4 alunos por docente. Na Universidade da Califórnia em Berkeley são 17,4.

Escola. Como Clodovil (PTC-SP), o estilista Ronaldo Esper decidiu abraçar a política. Detido na semana passada sob acusação de tentar furtar vasos de um cemitério paulistano, quer disputar vaga de vereador em 2008. Ele cita Paulo Maluf (PP) como seu modelo de homem público.

Tiroteio

A crise só acabará quando Chinaglia provar que é presidente da Câmara e não líder do governo.


De GUSTAVO FRUET (PSDB-SP), que foi o candidato da "terceira via" ao comando da Câmara, sobre Arlindo Chinaglia (PT-SP), segundo quem a crise que desgastou a imagem do Congresso é "página virada".

Contraponto

New kid

Na quarta-feira, Paulo Pereira da Silva (SP) estava às voltas com a formação do bloco que reuniu seu partido, o PDT, e outras quatro legendas no apoio à candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP). Apressado, Paulinho pediu ao motorista que o levasse à casa do presidente da Câmara.
Ao chegar à residência oficial, foi recebido pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que o convidou a se sentar e lhe ofereceu uma taça de vinho.
A conversa já durava vários minutos, e o deputado calouro começou a estranhar a ausência do dono da casa.
-Cadê o Aldo? -, perguntou a Renan.
-Na casa dele. Aqui é a minha, mas a do Aldo é a do lado. Se quiser, pode pular o muro...


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