São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PMDB da Câmara mira em cargos do PMDB do Senado

Aliança que elegeu Chinaglia tem pronta sua fatura para a reforma ministerial

Renan e Sarney sentem a pressão e defendem tese de que partido deveria ganhar espaço no governo, em vez de dividir o que já possui

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A aliança PT-PMDB que elegeu o petista Arlindo Chinaglia (SP) presidente da Câmara terá entre as suas prioridades a tentativa de tirar espaços no ministério que estão hoje na cota da ala peemedebista do Senado.
Sentindo a pressão do grupo que assumiu o controle da bancada de 90 deputados do PMDB na Câmara, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP) defendem que o partido se una para ampliar seus espaços e não brigar pelos que já possui.
A política de ministérios de "porteira fechada" -todos os principais cargos de uma pasta para um único partido- passou a ser inconveniente aos planos do PMDB, maior partido da coalizão de 11 siglas que apóia o segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sem esse sistema, o PMDB poderia conviver com outras legendas numa pasta. Exemplo: peemedebistas visam os Transportes, mas o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) quer voltar à pasta; o PMDB poderia dirigir o Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes).
A cota atual do PMDB é de três pastas: Saúde, que tem um interino no comando, Comunicações e Minas e Energia. A primeira estava na cota do PMDB da Câmara, que era dividido no primeiro mandato de Lula. Minas e Energia tem um afilhado político de Sarney, Silas Rondeau. E a bancada do Senado escolheu Hélio Costa (MG), que conta com a simpatia da Rede Globo, para continuar.
O PMDB gostaria de dobrar sua representação, mas Lula resiste. Já há inquietação no partido em relação ao desejo presidencial de indicar José Gomes Temporão, hoje no segundo escalão da Saúde, para o comando da pasta. Lula articula a nomeação com o governador do Rio, Sérgio Cabral.
Senadores e deputados do PMDB afirmam, porém, que Temporão seria uma nomeação técnica, da cota pessoal de Lula. Ou seja, o presidente terá trabalho para saciar o apetite peemedebista por postos.

Apoio amplo
O partido apóia um governo com grau inédito de unidade nos últimos 12 anos -desde a primeira gestão Fernando Henrique Cardoso. Mas exigirá partilha de poder para dar a Lula votos na aprovação de projetos no Congresso.
Além do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Planalto deseja que aliados aprovem a prorrogação da CPMF e da DRU (Desvinculação de Receitas da União).
Os peemedebistas estão unidos contra a "porteira fechada", mas a atuação de Renan em favor de Aldo Rebelo (PC do B-SP) na disputa na Câmara deixou mágoas na Casa.
Deputados do PMDB alegam que o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e o da Funasa, Paulo Lustosa, usaram seus postos para buscar votos para Aldo. A Transpetro, poderosa subsidiária da Petrobras, é da cota de Renan. Lustosa também é afinado com este.
No mapa dos 5.000 cargos mais importantes do governo, elaborado por Tarso Genro, consta que os neogovernistas do PMDB ficaram mesmo à míngua no primeiro mandato.

Novas forças
Dois presidenciáveis do campo das forças políticas que apóiam Lula, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy e o deputado federal Ciro Gomes (PSB), são peças importantes da reforma. O PT paulista pede publicamente que Marta seja indicada para o ministério.
Já Ciro, que foi ministro da Integração Nacional, pretende deixar no posto o interino Pedro Brito, seu aliado. Assim, Ciro poderia ficar livre na Câmara para fazer eventuais críticas ao governo e ao PT. Segundo aliados do deputado, seu retorno ao ministério lhe tiraria liberdade política. (KENNEDY ALENCAR)


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Eleição promove nova elite entre deputados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.