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PMDB da Câmara mira em cargos do PMDB do Senado
Aliança que elegeu Chinaglia tem pronta sua fatura para a reforma ministerial
Renan e Sarney sentem a
pressão e defendem tese de
que partido deveria ganhar
espaço no governo, em vez
de dividir o que já possui
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A aliança PT-PMDB que elegeu o petista Arlindo Chinaglia
(SP) presidente da Câmara terá
entre as suas prioridades a tentativa de tirar espaços no ministério que estão hoje na cota
da ala peemedebista do Senado.
Sentindo a pressão do grupo
que assumiu o controle da bancada de 90 deputados do
PMDB na Câmara, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(AL), e o senador José Sarney
(AP) defendem que o partido se
una para ampliar seus espaços
e não brigar pelos que já possui.
A política de ministérios de
"porteira fechada" -todos os
principais cargos de uma pasta
para um único partido- passou
a ser inconveniente aos planos
do PMDB, maior partido da
coalizão de 11 siglas que apóia o
segundo governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Sem esse sistema, o PMDB
poderia conviver com outras
legendas numa pasta. Exemplo:
peemedebistas visam os Transportes, mas o senador Alfredo
Nascimento (PR-AM) quer voltar à pasta; o PMDB poderia dirigir o Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transportes).
A cota atual do PMDB é de
três pastas: Saúde, que tem um
interino no comando, Comunicações e Minas e Energia. A primeira estava na cota do PMDB
da Câmara, que era dividido no
primeiro mandato de Lula. Minas e Energia tem um afilhado
político de Sarney, Silas Rondeau. E a bancada do Senado
escolheu Hélio Costa (MG),
que conta com a simpatia da
Rede Globo, para continuar.
O PMDB gostaria de dobrar
sua representação, mas Lula
resiste. Já há inquietação no
partido em relação ao desejo
presidencial de indicar José
Gomes Temporão, hoje no segundo escalão da Saúde, para o
comando da pasta. Lula articula a nomeação com o governador do Rio, Sérgio Cabral.
Senadores e deputados do
PMDB afirmam, porém, que
Temporão seria uma nomeação técnica, da cota pessoal de
Lula. Ou seja, o presidente terá
trabalho para saciar o apetite
peemedebista por postos.
Apoio amplo
O partido apóia um governo
com grau inédito de unidade
nos últimos 12 anos -desde a
primeira gestão Fernando
Henrique Cardoso. Mas exigirá
partilha de poder para dar a Lula votos na aprovação de projetos no Congresso.
Além do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento), o
Planalto deseja que aliados
aprovem a prorrogação da
CPMF e da DRU (Desvinculação de Receitas da União).
Os peemedebistas estão unidos contra a "porteira fechada",
mas a atuação de Renan em favor de Aldo Rebelo (PC do B-SP) na disputa na Câmara deixou mágoas na Casa.
Deputados do PMDB alegam
que o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e o da Funasa, Paulo Lustosa, usaram
seus postos para buscar votos
para Aldo. A Transpetro, poderosa subsidiária da Petrobras, é
da cota de Renan. Lustosa também é afinado com este.
No mapa dos 5.000 cargos
mais importantes do governo,
elaborado por Tarso Genro,
consta que os neogovernistas
do PMDB ficaram mesmo à
míngua no primeiro mandato.
Novas forças
Dois presidenciáveis do campo das forças políticas que
apóiam Lula, a ex-prefeita de
São Paulo Marta Suplicy e o deputado federal Ciro Gomes
(PSB), são peças importantes
da reforma. O PT paulista pede
publicamente que Marta seja
indicada para o ministério.
Já Ciro, que foi ministro da
Integração Nacional, pretende
deixar no posto o interino Pedro Brito, seu aliado. Assim, Ciro poderia ficar livre na Câmara
para fazer eventuais críticas ao
governo e ao PT. Segundo aliados do deputado, seu retorno
ao ministério lhe tiraria liberdade política.
(KENNEDY ALENCAR)
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