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Variada, noite de Brasília contraria frase polêmica disparada por Gabeira
PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Fernando Gabeira tocou na
ferida, o povo de Brasília
chiou. Em uma semana tensa
no Congresso, a cidade ainda
está digerindo a frase do deputado. "Em Brasília, se você sair
à noite, terá de ir a lugares onde só tem lobista, puta e deputado", disse o deputado do PV-RJ em entrevista à revista
"Playboy", ainda inédita. A frase foi citada pela "Veja". Gabeira já pediu desculpas.
A Folha saiu à noite para repercutir a assertiva nos bares
e restaurantes da cidade. Encontrou os três tipos citados
pelo deputado e muito mais.
No Café do Brasil, a reportagem falou com um grupo de
universitários, para quem a
palavra lobista tem um significado vago. Para Camille Nicola, 24, existem duas Brasílias.
"O Congresso Nacional é como a indústria da cidade. Muita gente vive daquilo, mas não
todo mundo. Os bares deles
[políticos] são outros, a gente
não tem contato", afirma.
Carolina Caribé, 24, compara: "Para quem não mora no
Rio, ali só tem artista da Globo. Acham que você esbarra o
tempo todo com a Malu Mader, do mesmo jeito que a gente aqui com o Lula".
"Eles podem não ter pai deputado, mas com certeza um
que esteja pendurado num
DAS [cargo não concursado,
de melhores salários, no serviço público]. Não tem jeito: em
Brasília, 100% das atividades
estão ligadas ao Estado", afirma o presidente da Associação
Nacional dos Procuradores de
Estado, Ronald Bicca, 36. Ele
diz que não ficou "nada indignado" com a frase de Gabeira.
No Bar Brasília, o vereador
baiano Leonardo Vasconcellos, 32, diz: "Em Brasília vem
político de todo lugar, e sem a
mulher. Garota de programa é
como empresário: tem de ir
atrás do poder, do dinheiro".
Vasconcellos está de olho
em um par de garotas de programa sentadas a poucas mesas dali. "Ele passa por aqui toda hora, tá de olho na gente",
afirma Nicole, 24. Ela está
com Tatiana, 25.
"O mercado de Brasília está
melhor do que os do Rio, de
São Paulo e até da Suíça", afirma Tatiana, que diz cobrar
US$ 400 por programa.
No Armazém do Ferreira,
três feministas estão indignadas. "Tem muitas mulheres
como a gente trabalhando em
Brasília. Mas ninguém se interessa em saber quanto ganhamos como gestoras públicas",
afirma Carmem Oliveira, 53.
Telma de Oliveira, 51, resume:
"O que é isso, companheiro?".
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