São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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Comércio diz que papa tem menos apelo que antecessor

Para vendedor, único artigo que tem saída são quadros

DO ENVIADO A APARECIDA

A visita do papa Bento 16 movimenta a Igreja Católica, mas não empolga os comerciantes de Aparecida (SP). Durante visita à cidade, a reportagem da Folha procurou chaveiros ou qualquer outro material que remetesse ao papa. Só encontrou quadros.
A explicação, segundo os comerciantes, é que o pontífice não é tão carismático como era seu antecessor, João Paulo 2º.
"A única coisa que vale a pena fazer são os quadros, já que todas as congregações religiosas e paróquias precisam ter um retrato do papa na parede", explica José Carlos Monteiro, 65. "Tentei fazer chaveiros do papa. Encalhou tudo e tive de transformar em chaveiro de Santo Antônio e Nossa Senhora Aparecida. Encomendamos pesquisas de mercado e percebemos que o povo não acha esse papa tão carismático como João Paulo 2º", conclui ele.
Monteiro diz ainda que não fará nenhum material especial para a visita de Bento 16, em maio. "O povo virá ver o papa, mas levará imagens de Nossa Senhora Aparecida, de Santo Antônio. Vou continuar fazendo o que sempre fiz", diz.

Zé Louquinho
Conhecido como Zé Louquinho, o prefeito José Luiz Rodrigues (PFL) diz que não prepara nenhuma medida inusitada para a visita de Bento 16. "O papa é uma pessoa séria, o momento será de oração", afirma.
O histórico de projetos do prefeito inclui acabar com as enchentes por decreto, proibir a minissaia na cidade e obrigar os padres a usar roupas que os identifiquem como tais em qualquer momento do dia.
Seus adversários vêem nas propostas do prefeito apenas uma maneira de esconder os problemas da cidade. "Para Aparecida melhorar, o único jeito era fechar a Câmara dos Vereadores e a prefeitura e deixar os padres administrando tudo. Eles são as únicas pessoas competentes por aqui", diz o presidente da Câmara, João Luiz Mota (PSDB). "A cidade pode entrar em colapso de água e esgoto com a visita do papa. Nossa estrutura mal suporta os 150 mil romeiros que recebemos por final de semana."
No setor de bares e restaurantes, a avaliação não é melhor. "O prefeito se preocupa com calçadão e portal e esquece que Aparecida não tem banheiro público de qualidade. A Santa Casa está em situação precária. O que vamos fazer se um bispo passar mal por aqui?", pergunta Ernesto Elache, presidente do sindicato dos hotéis e restaurantes.
Em sua defesa, o prefeito diz que tem se esforçado. "Eu não respondo com palavras, mas com trabalho. Eles falam, eu faço. Nunca Aparecida teve tanta obra. Prefeito que não faz nada não é reeleito, e eu fui." (LB)


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