São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007 |
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ELIO GASPARI O viés dos juízes pelos pobres é lenda Num litígio judicial com o andar de baixo, o de cima tem até 45% mais chances de prevalecer
DOIS ADVOGADOS DA Universidade de São Paulo deram um tiro
na testa da teoria segundo a
qual o Judiciário está entre os produtores de uma "incerteza jurisdicional"
que favorece o andar de baixo, inibe o
crédito e o funcionamento do capitalismo em Pindorama. A trava foi apontada em 2004 num trabalho de três marqueses das ekipekonômicas: Pérsio
Arida, Edmar Bacha e André Lara Resende, todos com carreiras de sucesso
na academia e na banca. A "incerteza
jurisdicional" derivaria, entre outros
fatores, de um viés dos juízes, que buscam promover a justiça social em litígios relacionados com o crédito e o respeito aos contratos.
Serviço: Os dois trabalhos estão na internet e são contra-indicados como leitura de fim de semana. "Os Juízes Brasileiros Favorecem a Parte Mais Fraca?" (Brisa Lopez de Mello Ferrão e Ivan César Ribeiro): http://repositories.cdlib.org/bple/alacde/26 "Robin Hood Versus King John: Como os Juízes Locais Decidem Casos no Brasil?" (Ivan César Ribeiro): http://getinternet.ipea.gov.br/ipeacaixa/premio2006/docs/trabpremiados/IpeaCaixa2006-Profissional-01lugar-tema01.pdf (A versão em inglês dá menos trabalho. Basta passar no Google "Ivan Ribeiro Robin Hood") FORÇA De um veterano policial, diante do desembaraço coreográfico da Força Nacional de Segurança: "Daqui a pouco eles terão uma rainha da bateria". HÉLIO CHAVEZ O ministro das Comunicações, Hélio Costa, informa que pretende revogar a concessão do Banco Postal, comprada pelo Bradesco em 2001, numa lisa disputa. Só caduca em 2009, mas o doutor espera ter apoio do Banco Central. Costa diz que o banco será convidado para uma conversa: "A negociação vai ser feita tendo em vista o lucro extraordinário que o Bradesco já teve com o Banco Postal". O lucro do banco não é da conta do ministro. Se a privataria tucana vendeu a concessão a preço de banana, é aí que ele deve procurar a anomalia. AVISO O próximo contubérnio do PSDB com o PT poderá ocorrer para impor à sociedade um sistema eleitoral que inclua o voto de lista. Nessa malandragem as direções partidárias indicam uma parte da Câmara, sem a intervenção da escolha nominal dos eleitores. Antes da crise do mensalão os doutores dos dois partidos já estavam acertados para consumar esse golpe. IWO JIMA Quem quiser tirar mais proveito do filme "A Conquista da Honra", de Clint Eastwood, pode ler, antes ou depois, o emocionante livro do mesmo título, que inspirou o diretor. Para não estragar a história, que só fecha no livro, apenas um lembrete: a vida de John Bradley, o marinheiro que hasteou a bandeira no monte Suribachi mostra o que há de melhor na alma do americano comum. Ele morreu em 1994, como dono de uma pequena funerária. NUESTRO GUIA Arlindo Chinaglia chegou à presidência da Câmara com o pé na jaca. Durante seu discurso de candidato citou o caudilho argentino Juan Perón (1895-1974). Lembrou um conselho dado por ele à sua mulher Isabelita: "Fale muito sobre coisas, pouco sobre pessoas e nada sobre você". A recomendação era ambígua, o personagem era pífio e o contexto, devastador. Perón invocava códigos de quadrilheiros. Ele foi um ladravaz liberticida. Isabelita, a quem colocou na Vice-Presidência, era dançarina de cabaré panamenho. Ela criminalizou a política e devastou a economia da Argentina. Foi detida na Espanha há poucas semanas, por conta dos crimes praticados quando entregou o comando do país a um bruxo ladrão. Perón tinha bons motivos para não falar de si. Amealhou centenas de milhões de dólares. Os mensalões de sua primeira mulher, Evita, renderam 65 quilos de ouro e 1.650 diamantes. Desde que deixou os palcos, Isabelita nunca trabalhou, mas vive bem em Madri, com criadagem e motorista. A Justiça argentina quer sua extradição. REIS DO ATRASO As operadoras de telefonia fixa estão nos tribunais para impedir a expansão da oferta de serviços de conexão sem fio para a internet. É o Wi-Fi. Os doutores da Telemar, da Telefônica e da Brasil Telecom merecem o prêmio George Selde. Ele era um lobista americano e agrupou os fabricantes de "carruagens sem cavalos" para tirar do mercado um veículo vendido por US$ 825, metade do preço dos similares. Os magnatas do cartel da Associação de Fabricantes de Automóveis sustentavam que Henry Ford não tinha licença para fazer carros. Texto Anterior: Comércio diz que papa tem menos apelo que antecessor Próximo Texto: Papéis da ditadura somem dos arquivos Índice |
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