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Em carta, vice pede voto a criança de 5 anos em MT
"Diga a mamãe que o Silval Barbosa é legal", diz trecho de correspondência enviada por pré-candidato; TRE deve investigar o caso
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Pré-candidato ao governo de
Mato Grosso em 2010, o vice-governador Silval Barbosa
(PMDB) enviou até a crianças
de cinco anos de idade cartas
personalizadas pedindo que
elas "levem um papo" com os
pais e falem "sem medo" que "o
Silval Barbosa é legal". A mala
direta vem sendo distribuída
desde o final do ano passado e
também mira os adultos.
Cópias das cartas foram encaminhadas como denúncia ao
Ministério Público Federal,
que entrou com uma representação contra o vice no Tribunal
Regional Eleitoral por propaganda eleitoral extemporânea.
A Folha teve acesso ao conteúdo de sete cartas encaminhadas nos dias 23 de dezembro e 28 de janeiro. Duas delas
são dirigidas a crianças de 5 e 6
anos e uma, a um adolescente
de 13. As outras quatro têm
adultos como alvo. Escritas em
tom informal, todas fazem
menção a dados específicos da
vida dos destinatários, como
nome, idade, situação escolar e
até opção religiosa.
"Meu nome é Silval Barbosa.
Tô sabendo que você não me
conhece bem. Por isso mesmo
gostaria que me ouvisse um
pouco. Fico feliz em saber que
você está na escola, já sabe ler e
começa a perceber as coisas
importantes para a nossa cidade e para o nosso estado. Afinal,
você já tem 6 anos", diz trecho
de uma das cartas enviadas.
A assessoria do vice-governador confirmou o envio das
cartas e o teor das mensagens,
mas negou relação com uma
possível candidatura ao governo. Em duas das cartas, porém,
ele declara ter sido "escolhido"
pelo governador Blairo Maggi
(PR) para disputar a sucessão.
"Me contaram que você,
Edevanete, não tinha ainda recebido a informação de que o
Governador Blairo me escolheu para ser o pré-candidato
dele ao Governo do Estado",
diz Barbosa, em carta endereçada a Edevanete Silva.
Ao garoto Valdinei Pereira,
13, o vice-governador se diz um
"um cara legal" e pede permissão para "fazer o papel de paizão". Diz para ele evitar "certas
companhias" e o uso de drogas.
"Se quiser, diga aos outros: o
Silval é meu amigo."
Na carta à Nadine Pereira,
ele reconhece que escreve a
"uma menininha que só tem 5
anos e nem sabe ler ainda".
Mas pede que ela diga "para a
mamãe que o Silval é legal".
A denúncia partiu de um vereador da oposição que recebeu em casa cartas endereçadas à mulher e à filha de seis
anos. "Achei isso uma afronta
inacreditável, além de evidente
crime eleitoral", disse à Folha
Antônio Fernandes (PSDB).
Segundo o vereador, sua mulher recebeu uma pesquisadora
em dezembro, foi questionada
sobre as eleições, e respondeu a
um breve questionário pessoal.
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