São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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Em carta, vice pede voto a criança de 5 anos em MT

"Diga a mamãe que o Silval Barbosa é legal", diz trecho de correspondência enviada por pré-candidato; TRE deve investigar o caso

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

Pré-candidato ao governo de Mato Grosso em 2010, o vice-governador Silval Barbosa (PMDB) enviou até a crianças de cinco anos de idade cartas personalizadas pedindo que elas "levem um papo" com os pais e falem "sem medo" que "o Silval Barbosa é legal". A mala direta vem sendo distribuída desde o final do ano passado e também mira os adultos.
Cópias das cartas foram encaminhadas como denúncia ao Ministério Público Federal, que entrou com uma representação contra o vice no Tribunal Regional Eleitoral por propaganda eleitoral extemporânea.
A Folha teve acesso ao conteúdo de sete cartas encaminhadas nos dias 23 de dezembro e 28 de janeiro. Duas delas são dirigidas a crianças de 5 e 6 anos e uma, a um adolescente de 13. As outras quatro têm adultos como alvo. Escritas em tom informal, todas fazem menção a dados específicos da vida dos destinatários, como nome, idade, situação escolar e até opção religiosa.
"Meu nome é Silval Barbosa. Tô sabendo que você não me conhece bem. Por isso mesmo gostaria que me ouvisse um pouco. Fico feliz em saber que você está na escola, já sabe ler e começa a perceber as coisas importantes para a nossa cidade e para o nosso estado. Afinal, você já tem 6 anos", diz trecho de uma das cartas enviadas.
A assessoria do vice-governador confirmou o envio das cartas e o teor das mensagens, mas negou relação com uma possível candidatura ao governo. Em duas das cartas, porém, ele declara ter sido "escolhido" pelo governador Blairo Maggi (PR) para disputar a sucessão.
"Me contaram que você, Edevanete, não tinha ainda recebido a informação de que o Governador Blairo me escolheu para ser o pré-candidato dele ao Governo do Estado", diz Barbosa, em carta endereçada a Edevanete Silva.
Ao garoto Valdinei Pereira, 13, o vice-governador se diz um "um cara legal" e pede permissão para "fazer o papel de paizão". Diz para ele evitar "certas companhias" e o uso de drogas. "Se quiser, diga aos outros: o Silval é meu amigo."
Na carta à Nadine Pereira, ele reconhece que escreve a "uma menininha que só tem 5 anos e nem sabe ler ainda". Mas pede que ela diga "para a mamãe que o Silval é legal".
A denúncia partiu de um vereador da oposição que recebeu em casa cartas endereçadas à mulher e à filha de seis anos. "Achei isso uma afronta inacreditável, além de evidente crime eleitoral", disse à Folha Antônio Fernandes (PSDB).
Segundo o vereador, sua mulher recebeu uma pesquisadora em dezembro, foi questionada sobre as eleições, e respondeu a um breve questionário pessoal.


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