São Paulo, domingo, 04 de março de 2001

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PAINEL


Cerco federal
O governo já identificou e se prepara para uma nova ofensiva do MST no próximo mês. Para desmobilizá-la, Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) e José Gregori (Justiça) estão enviando cartas para todos os governos estaduais, inclusive os administrados pelo PT.

Papel timbrado
Na carta do governo FHC sobre a investida do MST, um alerta: todos os que colaborarem com manifestações dos sem-terra que se traduzam em invasão de propriedades ou destruição de patrimônio público serão co-responsabilizados e estarão sujeitos aos rigores da lei.

Pão e água
Um grupo de mulheres do MST marcou uma reunião para o início de abril com Pedro Parente (Casa Civil). Elas irão pedir crédito. Ele deve dizer não.

Calendário pefelista
Jorge Bornhausen encontra-se com FHC amanhã, em Brasília. Se depender do presidente do PFL, a nomeação dos novos titulares da Previdência e Minas e Energia só sai depois da reunião do partido, no dia 8, quinta.

Menino do rio
Políticos muito próximos de Jorge Bornhausen trabalham para emplacar o ex-prefeito do Rio de Janeiro Luiz Paulo Conde na pasta das Minas e Energia. O presidente do PFL, cogitado para a vaga, ficará onde está.

Foco de luz
A indicação de Luiz Paulo Conde para as Minas e Energia fortaleceria o PFL no Sudeste, região onde a sigla é mais frágil, e recuperaria um quadro estratégico do partido que está no ostracismo, longe dos holofotes.

Dias bicudos
O inferno astral de Waldeck Ornélas não terminou com a perda do Ministério da Previdência. A Procuradoria da República vai abrir em breve processo contra o ex-ministro por improbidade administrativa.

Arrastão
Os procuradores investigam contrato sem licitação firmado entre a Dataprev (autarquia da Previdência) e a Unisys, com preços 300% superiores aos de mercado. Quatro subordinados de Waldeck Ornélas no ministério também poderão sofrer processos por improbidade.

Dia do caçador
Geraldo Brindeiro avalia que é o momento de pegar Luiz Francisco. O procurador está isolado no próprio Ministério Público Federal. Com exceção de três ou quatro procuradores, ninguém saiu em sua defesa. Nem mesmo a Associação Nacional dos Procuradores da República.

Aos leões
Luiz Francisco terá de depor sozinho no Senado por um pedido dos procuradores Guilherme Schelb e Eliana Torelly, que também participaram da reunião com ACM. Contrariados com a divulgação da fita, eles preferiram falar à Comissão de Ética só depois de ouvir o depoimento do colega famoso.

Na linha de tiro
Além de ACM, outro baiano está no índex de FHC: José Carlos Aleluia. Porta-voz do cacique na Câmara, o deputado insinuou em entrevistas que o presidente é refém do peemedebista Eliseu Padilha (Transportes).

Poder invisível
Comenta-se em Brasília que FHC vai aproveitar a reforma ministerial para criar duas novas pastas, a da Justiça e a da Cultura. Ainda bem que é piada.

Mais uma chance
Com Mário Covas fora do jogo sucessório, já há quem defenda que o veto a Malan (Fazenda) para 2002 cai por terra. Setores graúdos do empresariado querem vê-lo de novo no páreo. São os mesmo grupos para os quais José Serra (Saúde) está longe de ser o sucessor ideal de FHC.


TIROTEIO
De Delfim Netto (PPB-SP), sobre a aposta do governo para fazer o sucessor de FHC:
- O governo aposta que o bom ciclo econômico irá coincidir com o ciclo político, beneficiando-o na sucessão. Se o mundo fosse plano e valesse a geometria euclideana, FHC e os seus estariam garantidos. Como as coisas no mundo real são mais complexas, vão precisar de muita reza e alguma sorte.


CONTRAPONTO
Primeiro Comando do Planalto

A rebelião nos presídios de São Paulo eclodiu dias depois das eleições no Congresso. Ao mesmo tempo em que o país tomava conhecimento da ação do PCC (Primeiro Comando da Capital), Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) começava a romper com o governo Fernando Henrique, após a derrota para Jader Barbalho (PMDB-PA).
A crise no sistema penitenciário paulista passou a dividir as atenções de Brasília com a crise na base aliada do governo.
ACM intensificou seus ataques e disse que FHC é conivente com a corrupção no governo.
Em meio ao tiroteio, vieram as piadas. Uma delas ganhou corpo depois que FHC demitiu os ministros da cota de ACM:
O presidente chama seus interlocutores e manda o recado:
- Diga ao PCC que, se de agora em diante não se enquadrar, perderá todos cargos no governo, inclusive o ministério!



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