São Paulo, domingo, 04 de março de 2001

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Senador critica sigilo sobre caso Banpará e o atribui a FHC

Armínio é covarde por não divulgar relatório, diz ACM

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) ampliou o leque de seus ataques. Agora, faz críticas ao presidente do Banco Central, Armínio Fraga, insinua que o ministro da Saúde, José Serra, tem mais poder do que deveria na área econômica do governo e anuncia ter uma "prova testemunhal" contra Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil, que saiu do posto no episódio do grampo do BNDES.
Sobre Armínio Fraga, o senador ACM demonstra descontentamento pelo fato de o presidente do BC ser contra a divulgação do relatório sobre o Banpará.
"Tem-se o número do processo. É fácil identificar. Daí precisamos ver se o Armínio vai ser frouxo", disse ACM à Folha numa entrevista telefônica na quinta à noite. Na sexta, o jornal noticiou que o BC se julga impedido de revelar os resultados da investigação, agora considerados sigilosos.
Segundo ACM, há cerca de 20 ou 30 dias ele teria conversado com Armínio Fraga a respeito do assunto. O presidente do BC reafirmou que só poderia liberar o relatório mediante um pedido judicial ou de uma CPI.
"Acho que ele (Armínio) é covarde. Não dá porque o (presidente) Fernando Henrique mandou não dar", disse o senador.
Sobre José Serra, ACM afirma que o ministro da Saúde "se dá muito bem na área financeira do governo". Indagado sobre o que significava isso, respondeu: "Ele tem pessoas de confiança em toda a área econômica do governo".
Na opinião de ACM, o ministro Serra dessa forma obtém para a Saúde as verbas necessárias para uma gestão com alta aprovação pública -uma estratégia para obter a vaga de candidato governista na sucessão de 2002.
"O Ricardo Sérgio se dá muito bem com o Serra", declarou também ACM, numa referência ao diretor do Banco do Brasil que perdeu o cargo por causa do escândalo do grampo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Nesse caso, foram gravadas conversas de várias autoridades sobre o processo de privatização das empresas de telefonia, ocorrido na metade de 98.
Numa dessas conversas, Ricardo Sérgio disse: "Nós estamos indo no limite da nossa irresponsabilidade". Ele conversava com Luiz Carlos Mendonça de Barros, à época presidente do BNDES, sobre uma carta de fiança do BB ao banco Opportunity, que participaria do leilão das telefônicas.
Ricardo Sérgio saiu do governo, mas ACM acha que ele apresenta um padrão de vida que chama a atenção. "Vou apresentar no Senado, na semana que vem, uma prova testemunhal sobre o Ricardo Sérgio". O senador não quis dizer qual será essa prova.


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