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Diretor da campanha de 98 responde a processo
LUÍS INDRIUNAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O diretor financeiro da campanha do presidente do Senado Jader Barbalho (PMDB) para governador em 1998, Jamil Moisés
Xaud, 74, responde a processo na
Justiça Federal do Pará por gestão
temerária na época em que foi diretor do Banpará (Banco do Estado do Pará), entre 1983 e 1987.
O Ministério Público Federal
apresentou denúncia contra
Xaud e mais quatro diretores baseando-se em um relatório do
Banco Central, de 20 volumes, feito depois da intervenção no Banpará em 1987. Todos os diretores
foram afastados do banco durante a intervenção.
Na época, a comissão do Banco
Central, formada por cinco técnicos, encontrou concessões de empréstimos ""sem obediência aos
consagrados princípios de seletividade, garantia, liquidez e diversificação de riscos" a mais de 40
empresas.
Segundo o relatório, os empréstimos ""desmoronaram a estrutura econômico-financeira do Banco do Estado do Pará", que teria
acumulado prejuízos de Cz$
8.956.439.852, valor estimado em
dezembro de 1987, equivalente
hoje a R$ 427,8 milhões.
Irregularidades
Segundo o procurador da República Ubiratan Cazzeta, foram listadas 13 irregularidades em financiamentos concedidos durante a
administração do Banpará no primeiro governo estadual de Jader
(1983-86).
Algumas das empresas citadas
na denúncia do Ministério Público Federal tinham contratos com
o governo estadual.
A empresa Sacolão de Carnes,
ligada aos Frigoríficos A.R. Gomes, foi contratada em 1983 por
Jader para um programa de venda de produtos alimentícios.
Durante 1985, a empresa recebeu empréstimos que somariam
Cr$ 4,7 bilhões (R$ 1,6 milhão, em
valores de hoje). Segundo os técnicos do Banco Central, estes empréstimos não seriam possíveis
porque o capital do Sacolão de
Carnes era de Cr$ 2 milhões
(equivalentes a R$ 712).
A Eccir, empresa de construção
civil e rodoviária que tinha contratos com a Secretaria dos Transportes, recebeu Cr$ 30 bilhões em
1985 (equivalentes a R$ 10,68 milhões). Segundo o relatório, parte
desse dinheiro foi usado para pagar pendências da própria empresa com o Banpará.
Títulos protestados
Já a exportadora de madeira
Xylo do Brasil teria conseguido
aprovação de 87 operações de
câmbio, mesmo com títulos protestados na praça.
Xaud ocupou os cargos de diretor administrativo, financeiro e de
câmbio na época.
Além dele, estão sendo processados os ex-diretores Vitor Hugo
Moreira da Cunha e Hamilton
Francisco de Assis Guedes.
Dois réus acabaram sendo excluídos: o ex-diretor Nelson de Figueiredo Ribeiro teve sua denúncia arquivada por falta de provas e
Joaquim Oliveira Figueiredo
morreu.
Xaud foi presidente do comitê
financeiro do PMDB estadual durante a campanha de Jader ao governo em 98. Ele acabou perdendo a eleição para Almir Gabriel
(PSDB), que buscava a reeleição.
Ressalvas
O juiz eleitoral Rubens Rollo
D'Oliveira aprovou a prestação de
contas com ressalvas, por considerar que ""o porte da campanha
desenvolvida pelo candidato autoriza a presunção, salvo prova
em contrário, de que foram efetuados gastos com pessoal, veículos, cachês de artistas; despesas
não-declaradas".
Barbalho declarou ter gasto R$
512.192,78. A maior parte (R$ 400
mil) foi doada pela Companhia
Vale do Rio Doce. O comitê financeiro do PMDB, cujo presidente
era Xaud, declarou a doação de
R$ 112.192,78. Este dinheiro teria
vindo em forma de papel para impressão doado pela Champion
Papel e Celulose, de Mogi Guaçu,
São Paulo, e pelo jornal ""Diário
do Pará", cujo um dos proprietários é o próprio Jader.
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