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BASE ALIADA
Documento assinado por Roberto Freire afirma que o PT "não formulou um projeto de longo prazo para o Brasil"
Lula não tem projeto estratégico, diz PPS
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ocupar o Ministério
da Integração Nacional e integrar
a base governista no Congresso, o
PPS critica o governo e o PT pela
falta de um projeto estratégico e
diz que este é um dos principais
problemas da administração do
petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Sem rumo estratégico, não há um
projeto executivo de governo.
"Um dos problemas da administração Lula não é a falta de projeto executivo de governo, e sim a
deficiência ou quase inexistência
de sua componente estratégica",
diz um documento de 14 páginas
do presidente do PPS, deputado
federal Roberto Freire (PE), distribuídos aos três senadores e 21
deputados federais do partido.
As críticas são ao governo e ao
próprio PT: "Durante muitos
anos na oposição, o PT, em virtude da força e da capacidade de militância e influência de suas tendências, não formulou um projeto de longo prazo para o Brasil. E
está sendo obrigado a fazê-lo governando. Uma tarefa difícil".
Para o PPS, "projetos executivos
só se tornam realmente viáveis se
o partido vitorioso estiver amparado em um projeto estratégico
de governo", mas faltou ao PT as
condições para fazê-lo enquanto
suas facções se digladiavam internamente nas décadas em que foi
oposição. Este projeto estratégico,
na opinião do deputado Roberto
Freire, deveria ter sido "concebido bem antes das eleições" e "com
larga convergência interna e com
os aliados, com rumo, sem grandes contradições em seu interior e
em sua formulação".
Essa é a condição para que um
partido, uma vez entronizado no
poder, possa finalmente formular
um projeto executivo de governo:
"É quando acessa números reais
internos da máquina administrativa, toma contato oficial com os
termos de programas e acordos
bilaterais e multilaterais, capacitando-se, assim, para operar de
fato a sucessão que disputou".
Posturas
Num outro trecho, o documento distribuído por Freire para a
bancada federal do PPS faz uma
comparação explícita entre posturas divergentes do PT e do próprio PPS durante o governo anterior, do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
"No governo FHC nos colocamos como oposição propositiva,
diferenciando-nos de várias correntes de esquerda, incluindo segmentos que almejavam a sua derrubada", diz o texto, numa referência direta ao PT. Foram principalmente setores petistas que defenderam o "Fora FHC" no segundo mandato do tucano.
Em relação ao governo Lula, eis
a posição de Freire: "Com Lula,
estamos no governo e em sua base
de apoio. Mas, como antes, devemos fazer a boa crítica quando
necessária e continuar um partido formulador e propositivo".
O texto se intitula "PPS - Alguns
temas, idéias, posicionamentos e
polêmicas". Em vários trechos,
Roberto Freire usa a primeira pessoa. Quando cita questões ainda
em aberto do partido, como a cota para negros nos vestibulares e o
instituto do voto obrigatório, diz:
"Como homem público e como
presidente do partido, tais bandeiras têm o meu apoio pessoal".
O PPS ocupa o Ministério da Integração Nacional com o ex-governador do Ceará e ex-presidenciável Ciro Gomes, que mantém
uma posição bem diversa da defendida pelo presidente do seu
partido. Ciro é bem mais alinhado com o governo a que serve.
Procurados ontem para comentar as críticas ao governo,
nem o ministro Ciro Gomes nem
o deputado federal Roberto Freire foram encontrados até a conclusão desta edição.
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