São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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CPI no Rio apura gestão de ex-assessor na Loterj

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

A Assembléia Legislativa do Rio aprovou por unanimidade a criação de uma CPI para apurar irregularidades na Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro) na gestão de Waldomiro Diniz, de janeiro de 2001 a dezembro de 2002, e no Rioprevidência (fundo de pensão dos servidores estaduais).
A comissão é controlada por aliados do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), que foi o responsável pela nomeação de Waldomiro para a Loterj, depois mantido por Benedita da Silva (PT). Dos seus nove integrantes, seis são aliados do ex-governador, que conta ainda com o apoio dos quatro suplentes. O PT tenta incluir um suplente no lugar de um governista antes da instalação da CPI, que acontecerá hoje às 14h.
Os petistas foram os maiores derrotados ontem. A bancada do PT tentou aprovar emenda separando as investigações em duas CPIs, mas teve o pedido rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça e, depois, em plenário.
Para os petistas, a inclusão do Rioprevidência seria uma manobra diversionista para proteger Garotinho e comprometer a gestão de Benedita, que sucedeu o ex-governador em abril de 2002. Ela ficou no cargo até dezembro.
Na gestão Benedita, a direção do Rioprevidência comprou títulos públicos acima dos preços de mercado, o que teria causado prejuízo de R$ 25,5 milhões. Hoje, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) apresentará relatório que confirma as irregularidades no fundo. O TCE não aceitou as explicações do órgão e deverá pedir a devolução do dinheiro.
Durante a defesa da emenda em plenário, o líder do PT, deputado Gilberto Palmares, mostrou um pedido de CPI sobre o Rioprevidência, feito em fevereiro de 2003, que não chegou a ser instalada.
"Não somos contra a apuração no Rioprevidência, mas se quisessem ter investigado isso, deveriam ter feito no ano passado. Não fizeram nada e, agora, querem incluir esta questão na CPI da Loterj. Isso é uma manobra para jogar uma cortina de fumaça sobre as denúncias na Loterj", disse.
De acordo com petistas, a inclusão do Rioprevidência na CPI foi resultado de uma insatisfação do presidente da Assembléia, Jorge Picciani (PMDB), que queria indicar o novo presidente dos Correios, mas teve seu pedido vetado pelo governo Lula. Um dos maiores aliados do Planalto no Rio, Picciani resolveu apoiar a inclusão das investigações do Rioprevidência na CPI. O presidente da Assembléia negou a negociação.
Segundo o presidente da CPI, Alessandro Calazans (PV), os primeiros convocados serão Waldomiro, o empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o ex-secretário de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares, que disse ter sabido das ações do ex-assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil) já na transição para a gestão Benedita.
Calazans afirmou que, a princípio, Marcelo Sereno, também assessor de Dirceu, ainda não está na lista de convocados. Sereno é citado por Soares como um dos que tomaram conhecimento por ele das ações de Waldomiro na Loterj. O líder do PMDB, Paulo Melo, um dos dois relatores da CPI, disse que pedirá a quebra do sigilo telefônico de Waldomiro, Cachoeira e de diretores da Loterj e do Rioprevidência no período.


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