São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Fita do encontro entre Waldomiro e Cachoeira no aeroporto de Brasília também foi retirada por um policial, segundo funcionários do órgão

Policiais civis pediram gravação, diz Infraero

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma investigação preliminar da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) constatou que três policiais civis do Distrito Federal teriam solicitado, em 20 de maio de 2002, que fossem feitas as filmagens, no Aeroporto de Brasília, de um encontro entre Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência, com o empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
A presença dos três policiais civis na sala de vigilância foi confirmada por seis funcionários da Infraero. Hoje, três deles prestarão depoimento à Polícia Federal no inquérito que apura crime eleitoral e corrupção ativa supostamente praticados por Waldomiro.
No dia 5 de junho, a gravação teria sido retirada pelo agente Gilson Simões Ramos Filho, também da Polícia Civil brasiliense, que assinou um termo de cautela pelo material, se comprometendo a utilizá-lo "exclusivamente para fins policiais". Ramos Filho deverá ser ouvido pela PF amanhã.
Procurada ontem para falar do assunto, a assessoria de imprensa da Polícia Civil não se pronunciou até a conclusão desta edição. Há duas semanas, a assessoria disse que a fita era parte de uma investigação de latrocínio (roubo seguido de morte), cujo suspeito também foi flagrado pelas câmeras.
O relatório preliminar da sindicância da PF ficou pronto no dia 20, sete dias depois de vir a tona um vídeo de 2002 em que Waldomiro pede propina de 1% para si e doações de campanha que deveriam ser feitas por Cachoeira.
O vídeo em que o ex-subchefe aparece cobrando propina foi gravado no Rio pelo próprio Cachoeira. No outro, gravado no aeroporto, aparecem Waldomiro e Cachoeira conversando. A filmagem em Brasília também foi feita em 2002, quando o ex-subchefe era presidente da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro).

Nova intimação
A PF vai intimar novamente Waldomiro assim que concluir a investigação sobre a ligação dele com Cachoeira. A intimação deverá ocorrer em duas semanas.
Antes disso, os investigadores querem cruzar os dados dele de patrimônio e sigilos bancário, fiscal e telefônico com os de cinco pessoas e cerca de 12 empresas ligadas a bingos. Diante do material, Waldomiro teria que se explicar. No primeiro depoimento, anteontem, disse que só iria se manifestar em juízo. Segundo a PF, até o momento não há indícios de envolvimento de autoridades federais nos crimes sob investigação.

Leitura
O empresário Messias Ribeiro Neto reiterou ontem à PF o relacionamento entre Waldomiro e Cachoeira, que expandiu seus negócios no Rio quando o ex-subchefe era presidente da Loterj.
Ribeiro Neto foi sócio de Cachoeira na exploração de jogos lotéricos em Goiás.
Dois ex-executivos da GTech do Brasil intimados para ontem não apareceram. O ex-presidente da empresa Antonio Carlos Lino Rocha não trabalha mais na GTech e não foi localizado no seu endereço em São Paulo. Marcelo Rovai, ex-diretor de marketing, alegou, por meio de advogados, que não conseguiu agendar a viagem. Ele foi intimado em 25 de fevereiro.
Os dois são esperados como testemunhas. A PF quer esclarecer as circunstâncias da renegociação de contrato da GTech com a Caixa Econômica Federal em abril de 2003. A empresa controla a operação dos jogos lotéricos no país.


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