São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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Maior ato a favor de bingos reúne 20 mil em Brasília

Bruno Stuckert/Folha Imagem
Policiais cercam o prédio do Congresso para evitar que manifestantes tentassem invadi-lo no ato pela reabertura dos bingos em Brasília


ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cerca de 20 mil pessoas fizeram ontem em Brasília a maior manifestação favorável à reabertura dos bingos no Brasil. Uma comissão de representantes dos líderes do ato foi recebida pelos ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Ricardo Berzoini (Trabalho), de quem ouviu que o governo manterá a proibição determinada por medida provisória.
Organizado pela Força Sindical, pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade e pelos empresários de jogos, o ato reuniu em sua maioria trabalhadores de casas de bingos, que reivindicam a manutenção de seus empregos. A estimativa de 20 mil pessoas foi feita pela Polícia Militar -os organizadores estimaram em 30 mil.
Os ônibus, pagos pelos bingos, começaram a chegar na madrugada. Algumas caravanas viajaram 40 horas. A concentração foi em frente à Catedral de Brasília.
Mônica Inês Marques de Souza, 25, estava fantasiada de palhaço. Com a carteira de trabalho na mão, a promotora de vendas de um bingo em Belo Horizonte queria cobrar do governo seu emprego. "É assim que me sinto: palhaça. Votei no Lula acreditando que minha vida ia melhorar. Piorou."
Às 11h, o grupo se dirigiu ao Congresso, que foi cercado por 700 policiais, e tomou o gramado. Alguns manifestantes entraram no espelho d'água em frente ao prédio com faixas de protesto que, em sua maioria, citavam o ministro José Dirceu (Casa Civil).
A comissão que se reuniu com Thomaz Bastos e Berzoini levou a proposta de uma medida provisória alternativa, com a reabertura dos estabelecimentos que pagam impostos e estão em dia com as contribuições previdenciárias, mas não houve negociação. "O ministro Thomaz Bastos foi intransigente. Disse que o governo não mudará de posição e irá trabalhar para transformar a MP em lei", afirmou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PDT.
Ele saiu da reunião para uma assembléia com manifestantes. Dizendo que o governo "não sabia com quem lidava", declarou: "Vamos para o Planalto". A seguir, os manifestantes foram em direção ao palácio gritando "emprego, emprego". Foi uma correria de policiais, para cercar o Planalto.
Os manifestantes se instalaram na Praça dos Três Poderes. De um carro de som, a direção pedia uma audiência com o presidente. Não perceberam a bandeira em frente ao Palácio do Planalto, hasteada sempre que o presidente está presente, baixar. Lula deixava Brasília em direção a São Bernardo do Campo (SP), para o aniversário de 29 anos do filho Fábio Luiz.
Em uma assembléia à noite, parte dos manifestantes resolveu dormir em frente ao Planalto e esperar uma audiência com Lula hoje. A maior parte foi embora.

Colaborou LUIS RENATO STRAUSS, da Sucursal de Brasília

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