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SOMBRA NO PLANALTO
Para o governador Geraldo Alckmin (SP), o depoimento de Waldomiro Diniz à PF foi um "deboche, um escárnio à sociedade"
Serra vê ação abafa CPI e cobra coerência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PSDB, José Serra, defendeu, após a reunião da
Executiva Nacional do partido,
uma CPI para o caso Waldomiro
Diniz, ex-assessor do Palácio do
Planalto flagrado em vídeo cobrando propina de um empresário do jogo e pedindo para verba
para campanhas em 2002.
"As investigações da CPI vão ser
benéficas para todo mundo, inclusive para o governo, que poderá se livrar da sombra desse processo desagradável em relação ao
jogo de influências e loterias", declarou Serra, para quem "a CPI
interessa ao país, não à oposição".
Questionado se o PT está patrocinando uma "operação abafa"
para evitar a CPI, Serra disse: "É
óbvio". Candidato derrotado à
Presidência em 2002, o tucano
também comentou a pregação
histórica do PT em favor da ética:
"Agora é a hora da coerência. É
óbvio [que o governo está abafando o caso]. Até a CPI dos bingos,
que nem estava programada para
isso, está sendo agora presa. Há
uma operação para que as questões não sejam investigadas, fingindo que não aconteceu nada.
Na verdade, aconteceram coisas
importantes. A investigação é que
poderá mostrar ou não a gravidade delas, é um desejo do país, aliás
mostrado pelas pesquisas".
"Deboche"
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que o depoimento de Waldomiro Diniz à Polícia Federal foi
um "deboche, um escárnio à sociedade". O tucano também fez
críticas à condução da economia
pelo governo federal, dizendo que
o Brasil perde a oportunidade de
crescer "num céu de brigadeiro".
As declarações do governador
foram feitas na capital paulista
durante evento na Amcham (Câmara Americana de Comércio).
"O que vimos foi o não-depoimento do Waldomiro Diniz na
Polícia Federal. O que é muito
ruim, porque vida pública impõe
transparência, impõe prestação
de contas à sociedade. Homem
público e mulher pública têm a
obrigação de prestar contas à sociedade, de esclarecer, de estar a
serviço da sociedade. O que nós
vimos ontem [anteontem] foi um
deboche, foi um escárnio à sociedade", afirmou o governador.
Waldomiro Diniz, ex-assessor e
amigo do ministro José Dirceu
(Casa Civil), foi à Polícia Federal
anteontem, mas, orientado pela
defesa, não respondeu às perguntas dizendo que falaria apenas em
juízo. Fita gravada em 2002 mostra Waldomiro -na época presidente da Loterj- pedindo propina a um empresário de loterias.
Alckmin classificou como "sensacionalismo" o discurso do senador Almeida Lima (PDT), que anteontem subiu ao plenário do Senado dizendo que apresentaria
provas de que Dirceu sabia do caso Waldomiro, mas acabou não
mostrando nada contundente.
"Essas questões de investigação
precisam ser feitas com serenidade. Nada pode ser feito na base do
sensacionalismo. Acaba provocando efeitos na economia, e os
aproveitadores saem ganhando."
Sobre a economia, Alckmin criticou o excesso de cautela e disse
que o país está perdendo a oportunidade de crescer em um "céu
de brigadeiro". "China crescendo
muito, Índia crescendo muito, Estados Unidos tiveram uma recuperação econômica, Japão, depois
de anos de estagnação, começando a se recuperar. [...] E nós ficamos segurando a economia com
essa coisa de "não pode, porque
pode ter problema inflacionário'", afirmou Alckmin.
Colaborou VIRGILIO ABRANCHES, da
Reportagem Local
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