São Paulo, quarta-feira, 04 de março de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Sócios no aperto

Ao convocar um quarteto de governadores -José Serra (PSDB-SP), Aécio Neves (PSDB-MG), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Roberto Requião (PMDB-PR)- para reunião sobre o pacote habitacional a ser anunciado por Lula, o Planalto busca dividir o ônus político de uma promessa que sabe de antemão ser dificílima de cumprir: a de construir (ou contratar a construção de) 1 milhão de casas até 2010.
No dizer de um participante, o encontro foi "cordial, porém indefinido". Medidas que enfrentam oposição dos governadores, como a isenção de ICMS para materiais de construção, nem sequer foram mencionadas. Os convidados manifestaram boa vontade, mas na linha "faremos o possível, se houver recursos".



Isca. No telefonema-convocação que receberam de Dilma Rousseff, governadores ouviram que Lula estaria presente. Mas só apareceram a ministra da Casa Civil, Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento).

Nem pensar. Uma das poucas divergências do encontro se deu quando Dilma assegurou que seria "tudo feito pela iniciativa privada". Requião rebateu dizendo que o setor não funciona para a faixa de mutuários com renda até três salários mínimos.

Desigual. Na base da decisão do governo de estender o período de redução de IPI dos carros está o diagnóstico de que a recuperação nas vendas ainda não é homogênea.

Cilindradas. Na contramão de Volks, Fiat e Ford, há casos de empresas que ainda não conseguiram respirar neste ano, como Honda, Mitsubishi e Toyota -esta teve variação negativa de 61% em janeiro. Todas têm linha de produção no país.

Next. O PMDB tenta emplacar João Carlos Zogbi, diretor de Recursos Humanos do Senado, como substituto de Agaciel Maia na diretoria-geral. Zogbi é ligado ao ministro Edison Lobão. Teve parentes exonerados da Casa por causa da súmula antinepotismo.

Como um rei. Na esteira do caso Edmar Moreira, a fabulosa casa que derrubou o diretor-geral do Senado ganhou em Brasília o apelido de "castelo do Agaciel".

Comício. Agaciel convocou os servidores terceirizados do Senado para reunião de despedida hoje. Eles foram uma de suas bases de sustentação ao longo de 14 anos no posto.

Cartola. Renan Calheiros (PMDB-AL) faturou dois novos cargos para seus aliados: Valdir Raupp (RO) será líder da maioria no Senado, e Neuto de Conto (SC) ocupará posto equivalente no Congresso.

Entre amigos. Enquanto o ministro José Múcio telefona para líderes da base exortando-os a não assinar a CPI dos fundos de pensão, o PMDB aposta na vasta rede de influências de Eduardo Cunha (RJ) na Câmara. Um dos que assinaram foi o líder do PR, Sandro Mabel (GO), governista de carteirinha.

Nos trilhos. O PR tem motivo para bancar a CPI: tirar do PT o controle sobre o Refer, do setor ferroviário, outro fundo cujos diretores estão longe de ser só "técnicos". A diretora de seguridade, Tânia Ferreira, é mulher do deputado Carlos Santana (PT-RJ).

Que tal? No roteiro que criou para infernizar o governo na questão dos fundos de pensão, o PMDB vai propor o fim de sua fiscalização pela Secretaria de Previdência Complementar, vinculada ao Ministério da Previdência, da cota do PT. Em seu lugar haveria uma agência reguladora.

Mais um. Deputados das correntes petistas Construindo um Novo Brasil e Novo Rumo articulam o lançamento da pré-candidatura do prefeito de Osasco, Emídio de Souza, ao governo de São Paulo. Tem pouca chance de vingar, mas serve para demarcar terreno e negociar mais adiante.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O governo tem adotado medidas erráticas, fragmentadas e contraditórias. Comete equívocos, como reduzir o IPI sem garantia de manutenção dos empregos."

Do deputado CIRO GOMES (PSB-CE), criticando as medidas do governo para amenizar os efeitos da crise econômica internacional.

Contraponto

Alta competição

Sérgio Cabral foi o último a chegar à reunião de governadores com ministros, ontem no Planalto, para tratar do pacote habitacional. Ao avistar Dilma Rousseff batendo papo com Guido Mantega e Aécio Neves, o governador do Rio se derramou na reverência à ministra:
-Minha presidente!
Dilma sorriu, e Cabral, ciente de que estava em companhia de outros pré-candidatos, resolveu brincar:
-Ih, olha só a cara do Aécio! Ele está com ciúmes...
O mineiro ficou sem jeito:
-Que ciúme que nada, Sérgio!
Para sorte de Cabral, José Serra estava entretido numa conversa em outro canto da sala.


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