|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Diretor do Senado deixa cargo após denúncia sobre mansão
Agaciel Maia, que ficou 14 anos no posto, escondeu da Justiça casa avaliada em R$ 5 mi
José Sarney, presidente do Senado, avisou o servidor de que ele teria de sair; Agaciel vê "coloração política" sobre o caso e afirma ser inocente
Alan Marques/Folha Imagem
|
|
Agaciel Maia (à frente) deixa o Senado após pedir demissão do cargo de diretor-geral da Casa
ADRIANO CEOLIN
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para tentar preservar o Congresso de novas acusações, o
presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), demitiu
Agaciel Maia, 51, há 14 anos no
cargo de diretor-geral da Casa.
A decisão ocorreu dois dias
após reportagem da Folha
mostrar que ele escondeu da
Justiça uma casa avaliada em
cerca de R$ 5 milhões. O diretor-geral é o ordenador de despesas do Senado, que terá um
orçamento de R$ 2,7 bilhões
em 2009. Para o posto, Sarney
escolheu José Alexandre Gazineo, funcionário concursado e
subdiretor-adjunto -foi nomeado pelo próprio Agaciel.
Sarney tomou a decisão de
substituir Agaciel após ver a repercussão da reportagem nos
telejornais. Ele disse a senadores que não poderia mantê-lo
no cargo no momento em que a
Casa tenta se recuperar de desgastes dos últimos anos.
Renan Calheiros (PMDB-AL) e Roseana Sarney (PMDB-MA) foram os primeiros avisados. Renan comemorou: "Nunca um caso assim teve uma solução tão rápida". Líder do governo no Senado e aliado de
Sarney, Romero Jucá (PMDB-RR) disse que a demissão
"tranquiliza e pacifica a Casa".
A reportagem apurou que
Sarney conversou com Agaciel
anteontem à noite, quando o
avisou que teria de pedir para
ele sair. A demissão só foi oficializada na manhã de ontem,
quando o diretor foi ao gabinete de Sarney. Oficialmente, ele
pediu demissão. Com a exoneração, ele perde uma função
comissionada de aproximadamente R$ 2.500 mensais.
"Acho que com isso encerramos este assunto. Lamentavelmente prejudicou a imagem do
Senado. Estamos vivendo o
momento de uma nova administração", disse Sarney. Ontem, antes de entrar no gabinete de Sarney, Agaciel disse que
não ficaria mais no cargo. Alegando inocência, ressaltou que
era favorável a uma investigação "ampla, geral e irrestrita".
"Por mais que eu mostre que
eu não fiz nada de errado, que
sou um servidor honesto e probo, existe uma coloração política em cima de tudo isso. Não
vou ser motivo de desagregação político-partidária nesta
Casa, até porque não tenho importância para isso", disse.
Em sua defesa, Agaciel afirmou que ele e sua mulher, Sânzia, também servidora do Senado, têm renda para ter a casa
-respectivamente, R$ 18 mil e
R$ 14 mil líquidos por mês. Pelo valor de mercado estimado
(cerca de R$ 5 milhões), teriam
de economizar integralmente
os salários por mais de 12 anos
se fossem comprá-la hoje.
Até o fim da tarde de anteontem, Agaciel estava confiante
de que ficaria no cargo -para o
qual foi indicado pelo próprio
Sarney quando ele presidiu a
Casa pela primeira vez. De lá
para cá, cinco presidentes o
mantiveram na função.
Na semana passada, quando
soube do teor da reportagem
da Folha, Agaciel avisou Sarney. No domingo, quando houve a publicação, ele ligou para o
senador e pediu que o caso fosse tratado pelo Tribunal de
Contas da União. Anteontem,
Sarney encaminhou ofício ao
TCU solicitando investigação.
Em 2008, quando o Senado
foi bombardeado por denúncias, o então presidente Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
chegou a cogitar a demissão de
Agaciel, mas Sarney pediu que
ele fosse mantido no posto.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Congressistas lançam frente contra corrupção Índice
|