São Paulo, quarta-feira, 04 de março de 2009

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Inpe aponta queda de 70% no desmate da Amazônia

Desmatamento em áreas indígenas cresce 9%; Funai culpa não-índios por derrubadas

Segundo o ministro Carlos Minc, queda na devastação se deve à maior fiscalização e à resolução do BC que veta o crédito aos desmatadores


DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dados de monitoramento por satélite divulgados ontem pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelam que o desmatamento na Amazônia Legal caiu 70% de novembro de 2008 a janeiro de 2009 em relação ao mesmo trimestre entre 2007 e 2008.
A comparação entre os dois trimestres mostra que a devastação caiu de 2.527 km2 para 754,3 km2. Ou seja, o equivalente a mais de um município de São Paulo (1.509 km2) deixou de ser desmatado. Os Estados que lideram o desmatamento foram Pará (318,7 km2), Mato Grosso (272,3 km2) e Maranhão (88,4 km2).
Apesar disso, o desmate em áreas indígenas da Amazônia Legal atingiu 70,42 km2 de novembro de 2008 a janeiro de 2009 -um aumento de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior. O levantamento cita possíveis derrubadas em 11 áreas indígenas de Mato Grosso (4), Pará (3), Maranhão (2) e Rondônia (2). As derrubadas somam 9% do total desmatado na Amazônia no período.
Em Mato Grosso, dos 227 pontos de possíveis derrubadas, só 15 foram identificados nas reservas indígenas, mas eles respondem por 17% da área total derrubada no Estado.
A maior parte dos pontos (31) foram identificados em duas áreas com histórico de conflitos fundiários e invasões por não-índios: a terra indígena Maraiwatsede (MT) e a terra indígena Cachoeira Seca (PA). Homologada em 1998, a Maraiwatsede é palco de uma arrastada disputa entre índios, posseiros e fazendeiros.
"Quem desmata ali não são os índios. Há naquela área muitas fazendas antigas e que estão em plena atividade. Os índios não utilizam este tipo de prática em suas lavouras", disse o administrador da Funai em Cuiabá, Benedito de Araújo.
Os dados provêm do sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que só captura parte do desmatamento devido à menor resolução das imagens e às nuvens.
Segundo o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), a queda na devastação se deve à maior fiscalização e à resolução do Banco Central que vetou crédito a desmatadores nos 36 municípios mais devastados.
(RODRIGO VARGAS, JOÃO CARLOS MAGALHÃES E HUDSON CORRÊA)


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