São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2000


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REAÇÃO
Objetivo seria abalar a prefeitura e a Câmara
Pitta afirma que lista é "armação"

SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local


O prefeito Celso Pitta (PTN) afirmou ontem que a "lista da propina" é uma farsa armada para desestabilizar as relações entre o Executivo e a Câmara às vésperas do início de um processo de impeachment.
A lista aponta de forma cifrada supostos pagamentos feitos pelo Executivo a sete parlamentares da base governista na Câmara.
"Isso (o pagamento) nunca houve. Essa lista é uma tentativa de desestabilizar as relações entre o Executivo e o Legislativo, de colocar um contra o outro em um momento delicado que é a análise desse pedido de impeachment. É uma manobra maquiavelicamente arquitetada", afirmou.
O prefeito também classificou como "absurdo, descabido, sem nexo e sem nenhuma lógica" o fato de alguns vereadores terem atribuído a autoria da lista à prefeitura -que estaria interessada em abafar o impeachment.
"Por que razão faríamos um documento apócrifo e inverídico? Que tipo de raciocínio lógico embasaria isso? Os entendimento com a Câmara estão indo muito bem, obrigado. Não seria o Executivo que iria prejudicar esse relacionamento", afirmou Pitta.
O prefeito disse que vem mantendo contato com os vereadores e afirmou estar tranquilo com o início dos trabalhos da comissão especial que analisará o pedido de impeachment feito pela OAB.
"Recebi alguns vereadores, e o secretário de Governo (Carlos Augusto Meinberg) vem mantendo contato com eles. Estou tranquilo porque a comissão é formada por vereadores de primeiríssima linha e fará uma análise isenta do pedido de impeachment."
O prefeito afirmou também que tem informações de que há hoje "mais de 30 vereadores na base governista", contabilidade que impediria a aprovação do impeachment em plenário, já que são necessário 33 dos 55 votos.
Ele classificou de violenta a busca feita na última sexta-feira no Palácio das Indústrias e na casa do secretário de Governo e disse que vai pedir explicações aos responsáveis pela operação.
"Na sexta, a explicação que me deram era que a busca tinha base em um processo relacionado à São Paulo Transporte. No sábado, fiquei sabendo que a lista apócrifa teria sido o alicerce da busca. Só um denuncismo inflamado justifica que um papel apócrifo seja a justificativa para uma invasão violenta. Isso não aconteceu nem no regime militar. Vou pedir explicações a eles."
Segundo Pitta, a Secretaria dos Negócios Jurídicos está solicitando por meios judiciais a imediata devolução das 15 CPUs apreendidas, "porque são equipamentos de trabalho". A prefeitura, disse, pediu também que a abertura da memória dessas CPUs seja feita na presença de seus técnicos.
O prefeito confirmou o fato de o Ministério Público ter apreendido uma lista com nomes de vereadores na casa do secretário de Governo, mas negou que a listagem contivesse números ou valores.
"Trata-se (o que foi apreendido na casa de Meinberg) de uma relação de vereadores da antiga legislatura sem nenhum valor associado. Não é como a que foi enviada anonimamente ao Ministério Público. Não tem nada a ver."
Segundo Pitta, a listagem de Meinberg "deve ser alguma coisa para consulta". "Você não trabalha aos finais de semana? O secretário também. É natural que ele tenha elementos para consulta."
De acordo com o prefeito, as duas CPUs que não foram encontradas na casa do secretário estavam no conserto e já estão à disposição dos promotores que investigam o caso.
Por fim, Pitta negou ter tido a intenção da ameaçar a ex-mulher ao dizer ao jornal "O Globo" que "quem mente e acusa as pessoas levianamente deve se cuidar".
"Essa ameaça nunca aconteceu. O que eu fiz foi uma óbvia constatação, fruto da atitude da própria Nicéa, que anda com colete à prova de balas. Quem anda com colete é porque está temendo alguma coisa", afirmou o prefeito.


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